Hoje nós temos a honra de entrevistar Claudia Rodrigues, mãe do Felipe, o pequeno viajante e uma das blogueiras de viagem mais amadas do Brasil. A minha xará e sua família percorrem o mundo das maneiras mais diferentes possíveis e são inspiração para muita gente com seu jeito descolado e simples. Atravessaram a Sibéria, levaram o Lipe para a China, o Alaska e a Índia, só para começar a lista. É a típica família que “não tem ruim” pra eles. A Claudia conta um pouco sobre essa vida de mãe aventureira aqui pra nós. Todas as fotos (lindas) são do Instagram da Claudia ou do blog Felipe, o Pequeno Viajante, cedidas gentilmente para este post:
1. Vocês são inspiração para milhares de famílias viajantes no Brasil e no mundo. Conte pra gente como foi que nasceu essa vontade de contar as experiências em um blog e como é conciliar a rotina de mãe, esposa, profissional, viajante e blogueira. (sempre quis saber qual é a mágica kkk)
Como eu sempre conto lá no blog, éramos 2 viajantes de carteirinha, sempre adiando o nosso “herdeiro”, porque sempre “precisávamos fazer mais uma viagem”. Chegou uma hora em que já estávamos casados há ‘séculos’ e o relógio biológico já estava pressionando (lá pelos 33 anos) e decidimos encomendar um pequeno viajante. Aí me pus a pesquisar na internet sobre viagens com crianças e não encontrava nada em português, apenas blogs gringos. Na época (isso lá em 2009) eu nem sabia direito o que era um blog, e nunca fui nada nerd, mas sempre tive essa vontade de compartilhar nossas viagens e, depois que fizemos a nossa primeira grande viagem com o Lipe aos 3 meses (uma roadtrip pela Costa Leste do Canadá e Estados Unidos), tive a certeza que precisava compartilhar aquilo tudo na internet para incentivar outras famílias brasileiras a viajar também com os filhotes, como víamos os europeus fazendo.
Conciliar a rotina é uma loucura, mais ainda porque meu trabalho é muito puxado e um pouco estressante. A minha sorte é morar no interior, onde tudo é mais fácil, e ter bastante ajuda, mas a culpa de estar fazendo tudo errado, tudo pela metade, tudo malfeito, é constante. Junto com o filho, nascem todas as culpas do mundo, né? Já acostumei com isso e não me estresso, faço o que posso, da melhor forma possível.
2. Vocês sempre curtiram viajar não é? Qual foi a primeira viagem que fizeram com o Lipe junto e como foi que o casal de “mochileiros de carteirinha” se adaptou a viagens com mais um integrante, ainda mais bebê?
Sempre, somos completamente viciados! Eu brinco que a primeira viagem do Lipe foi do hospital para a nossa casa, já que moramos em Jaguarão e ele nasceu em Pelotas! Com menos de uma semana de vida já cruzamos a fronteira do Uruguai com ele, para uma visita aos free shops de Rio Branco. Umas semanas depois ele foi conhecer Montevidéu e Punta del Este. Antes de terminar a minha licença maternidade, ainda aproveitamos as “férias” e fizemos outra viagem de carro pelo Paraguai e Argentina, para levar o nosso pequeno viajante para conhecer São Miguel das Missões e as Cataratas do Iguaçu. Mas a primeira viagem longa mesmo, e de avião, foi com pouco menos de 3 meses, aos Estados Unidos e Canadá, como mencionei antes. Foi tudo muito fácil, especialmente porque os avós do Felipe (meus pais) foram junto conosco e nos ajudaram muito com ele. A viagem foi ótima, bem tranquila. O que mais nos preocupava era não estressá-lo, passando os dias inteiros na rua, passeando, com a barulheira do metrô de Nova York – mas ele adorou as luzes da Times Square e da Broadway!
Nós sempre fizemos viagens baratas, de mochila nas costas e sem nada reservado antecipadamente, e o nosso esquema não mudou muito depois que o Lipe passou a nos acompanhar. Não sabemos viajar de outro jeito, não achamos a menor graça! A única mudança é que agora procuramos hotéis um pouco melhores, lugares bem limpos para ficar/comer, as passagens de trem passaram a ser sempre com ar condicionado, esse mínimo de conforto que é para ele e pra nós também. O que é mais importante para nós é que ele coma bem, esteja em um hotel limpinho – o básico. Ele não tem nenhuma frescura, as crianças aprendem o que elas vivem e o Felipe não conhece nada diferente disso, então ele gosta. As pessoas têm medo de viajar porque pensam que não é possível viajar com pouco dinheiro com uma criança a tiracolo, o que não é verdade. Nas viagens com bebês, os gastos não aumentam muito, especialmente quando eles ainda não completaram 2 anos, quando as passagens aéreas são quase de graça!
Contei sobre a primeira viagem do Lipe aqui:
3. Quais foram as maiores dificuldades que encontraram nas viagens enquanto o Lipe era um bebê? E agora, com ele maiorzinho, quais os desafios que encontram com ele junto?
Quando o Lipe era bebê, nossa maior preocupação nas viagens era com a saúde dele. A gente sempre faz um check-up geral de saúde antes de viajar para ver se ele está ótimo para pegar a estrada. O principal cuidado é tomar todas as vacinas necessárias, tipo febre amarela, hepatite…e ter um bom seguro de saúde!
Arrumar a mochila dele sempre era o mais difícil. Levar poucas coisas e brinquedos pequenos, que coubessem na mochila, era sempre complicado. Tinha de ter cuidado para não esquecer nada que ele pudesse precisar e a gente tivesse dificuldade de encontrar lá fora, como um kit de remédios receitados pela pediatra dele.
Quanto à alimentação, depois de várias diarréias que tivemos na Ásia, só deixávamos ele tomar água mineral bem lacrada, frutas que pudessem ser descascadas, leite de caixinha, vegetais bem cozidos, esses cuidados básicos.
O Felipe sempre foi terrível, arteiro, não parava um minuto, nos dava um cansaço sem fim. Mas esse comportamento inquieto dele era recompensado pela saúde de ferro, pela adaptabilidade. Se eu tivesse um bebê que vivesse doente, cheio de alergias, daqueles que pega um ventinho e tá resfriado, não ia me animar a viajar tanto com ele. Mas o Felipe sempre foi um “tourinho” de forte, capaz de passar tardes inteiras tomando banho de chuva em Khao San Road, na Tailândia, sem problemas. Ele comia qualquer comida, não tinha frescuras e, diferentemente de nós, nunca teve nenhuma diarreia nas nossas viagens!
Agora que ele está maiorzinho as coisas estão mais complicadas, porque ele já tem vontade própria, e temos que adaptar as viagens e passeios também aos interesses dele. Sempre digo que não tem época mais fácil de viajar com uma criança do que enquanto é bebê, só come, faz cocô e dorme. Depois que eles passam a ter consciência do mundo e das coisas ao redor, aí passam a querer fazer suas próprias escolhas e precisamos nos adaptar às vontades deles para que a viagem seja interessante e agradável para toda a família.
4. Vocês viajam sem o Lipe também, como ele reage quando não vai junto?
Ele sente a nossa falta, claro (pelo menos eu gosto de pensar que sim!), mas não se importa muito de ficar. Ele curte demais a vidinha dele, a escola, o karatê, os amigos, o videogame kkkkk…
A nossa estratégia para viajarmos sem ele é, em primeiro lugar, nunca passar mais de 10 dias longe (depois disso, a saudade vira sofrimento) e, em segundo lugar, organizamos a vida dele de modo a que ele fique em casa, sem mudanças na rotina dele, porque assim ele sente menos a nossa ausência.
5. Quais destinos vocês recomendam para quem ainda não viajou com bebês, mas gostaria de começar? Aqui no Brasil e fora.
No Brasil eu recomendo muito 2 lugares, em especial: Gramado e Foz do Iguaçu. Ambos são ótimos destinos para famílias e “imperdíveis”, lugares que todo brasileiro deveria ter a oportunidade de conhecer. No exterior, recomendo começar por países de primeiro mundo, bem ‘civilizados’, onde você poderá encontrar com facilidade bons serviços de saúde, por exemplo, como Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália (voos mais longos, no caso desses 2 últimos) ou qualquer país europeu.
Acredito que não tem destino “ruim” com um bebê, e recomendo que você aproveite para realizar seus maiores sonhos em matéria de viagens antes deles completarem 5 anos, porque aí começa a vida escolar, eles começam a ter suas próprias vontades e a coisa complica hehehe…
6. Quais as recomendações para famílias que querem viajar com crianças, mas que ainda não tiveram coragem?
A melhor dica que eu posso dar é fazer o que a gente fez: ir criando coragem aos poucos, com viagens mais curtas, perto de casa, levar os avós junto para ajudar…
Uma coisa muito boa é viajar de trem, que tem bastante espaço para os pequenos se movimentarem. Alugar carro ou motorhome também é ótimo, porque dá uma enorme liberdade de parar em qualquer lugar, a gente faz o nosso próprio horário, de acordo com as necessidades da criança. Ao invés de ir para a Disney, por que não alugar um motorhome e viajar pela Califórnia? Ao invés de um resort no nordeste, porque não uma aventura em Noronha, para ver golfinhos bem de perto?
Como eu disse, acredito que é possível ir a qualquer lugar com uma criança. Se sobrevivemos à Índia com o Lipe, tudo é possível. É necessário ter muita energia e disposição, porque é muito trabalhoso. Somos nós dois para cuidar dele 24 horas por dia – na estrada não tem avó, dinda, babá, amiga – então não tem nenhuma folga ou ajuda. Viajar com o Felipe é mais cansativo, trabalhoso, exaustivo às vezes, mas sempre acaba valendo a pena, pois ele nos enche de alegria o tempo todo. E não dá para esquecer que é maravilhoso olhar o mundo através dos olhinhos dele – sem falar que essa é a melhor herança que nós podemos deixar para o futuro do nosso filho!
7. Para onde será a próxima viagem em família, quando e porque?
Vamos para Santa Catarina no próximo mês – o Peg vai correr a meia maratona de Florianópolis e eu vou comemorar o meu aniversário me divertindo no Beto Carrero com o meu filhote!
Mas estou sonhando com o Japão, Coréia do Sul e Filipinas há anos, quem sabe esse ano dá certo!
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É muita inspiração e coragem, não é gente? Eu sou fã de carteirinha dessa família linda que nos ajuda tanto com dicas de lugares imperdíveis com ou sem crianças. Além disso, eu amo o Instagram do Peg e da Claudia, que tem fotos incríveis.
Duvido que ainda não conheçam, mas fica aqui o link para o blog Felipe o Pequeno Viajante, que é um manual de como viajar com crianças repleto de dicas e fotos lindas dos destinos que essa família tão querida já visitou.
Obrigada Claudia, pela participação aqui nas Passeadeiras, nós adoramos e volte sempre!
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