As Passeadeiras

Bate-volta desde Lisboa: Um dia em Mafra

um dia em Mafra

Mafra é uma cidade pequena, a cerca de 40 km de distância de Lisboa e hoje vamos contar aqui sobre o passeio delicioso que fizemos lá, em um bate-volta em um domingo, dia 04 de junho de 2017.

A primeira vez que cruzamos a cidade, passamos bem em frente do Convento de Mafra, quando estávamos a caminho de visitar os Mosteiros de Alcobaça e da Batalha, o que só fez aumentar nossa curiosidade. Quando, no domingo amanheceu ensolarado e,  além de tudo era o primeiro domingo do mês (entradas gratuitas nos museus e monumentos do Patrimônio Histórico de Portugal) não resistimos! Pegamos o carro e fomos rumo à Serra de Sintra, para chegarmos, pouco depois, à simpática cidadezinha de Mafra.

 

Passando pelo prédio imenso do Palácio de Mafra

Como chegar à Mafra?

De carro, a partir de Lisboa, vá pela autoestrada A-8. Da Cidade do Porto, siga pela A-1 até Leiria, entre na A-8 e, depois, na A-21 até Mafra (tem pedágio). De Cascais, onde moramos, seguimos pela A15 mas desviamos em Sintra, para fugir do pedágio e curtir o passeio interiorano (sim, somos pão duros para pedágios!). Fazemos isso sempre que não temos pressa :-).

 

O que ver em Mafra?

Para um dia de passeio, curtindo sem pressa, nós visitamos 3 atrações: O Palácio/Convento Nacional de Mafra, a Aldeia Saloio (ou Aldeia Típica José Franco) e a Tapada de Mafra, uma reserva florestal  onde fizemos um mini safári fotográfico. Foi delicioso e nada cansativo. Se o dia estivesse quente e sem vento, teríamos ido ainda até a Praia de Ericeira. Mas como fazia um friozinho e estava ventoso, preferimos deixar para outro dia.

Saímos de casa em torno das 9:00 e chegamos antes das 10 no estacionamento enorme, logo na entrada da cidade, meio que sem querer. Eu explico. O Palácio Nacional de Mafra é gigante e, tão logo as curvas da estrada apontam para o centrinho, a gente já consegue avistar o monumento. Ali mesmo tem umas placas que indicam um estacionamento e resolvemos entrar pensando que no centro poderia ser mais chatinho de estacionar o carro. Era cedo ainda e não havia quase nenhum carro no local. Logo descobrimos que ali era gratuito e que havia uma passagem para o Palácio! Melhor impossível. O único porém é que ventava tanto, mas tanto, que Juju quase saiu voando. Sério! Precisamos segurar a baixinha e correr até a entrada da Basílica de Mafra, por onde iniciamos nosso passeio.

 

Detalhes da Basílica de Mafra

A Basílica de Mafra

Antes de falar sobre a Basílica, é preciso dizer que o Palácio Nacional de Mafra é composto de 4 partes principais: o Convento, a Basílica, o Palácio e a Biblioteca. Este ano comemora-se o aniversário de 300 anos do Palácio/Convento que serviu de inspiração a José Saramago para o seu livro Memorial do Convento. No site www.palaciomafra.pt explicam que o conjunto é formado por:

 

“um complexo Hospitalar do século XVIII, dois Carrilhões monumentais do século XVIII, um conjunto (único) de Seis Órgãos de tubos e uma das que por muitos é considerada como sendo a mais bonita Biblioteca histórica do mundo configuram este património que, na sua génese, é um Palácio do Rei, um Palácio da Rainha, um Convento franciscano, uma Basílica e uma Tapada. O ano de 2017 é, como todos sabemos, um ano importante para o Palácio Nacional de Mafra, em 17 de Novembro celebra-se o terceiro centenário da cerimónia de colocação da Primeira Pedra da Basílica.”

 

A Cúpula da Basílica de Mafra

 

A Basílica fica bem ao centro do prédio, tendo ao extremo de um lado o torreão do rei e, no outro, o da rainha. Já na entrada impressionam as esculturas enormes e também as cores das pedras do edifício: pedra de Sintra e mármore. Entrando na enorme igreja, percebe-se o formato em cruz e caminhando em direção ao altar principal é impossível não notar a cúpula branca e linda, a primeira construída em Portugal, bem ao centro. Ladeada por 11 capelas, os seis órgãos imensos são também famosos e lindos. Um conjunto todo bastante impressionante. No dia do 41º aniversário de D. João V,  em 22 de Outubro de 1730, em uma festa que se estendeu por 8 dias, foi realizada a consagração da basílica.

A Lenda do Convento de Mafra

A construção do Palácio Nacional de Mafra é cercada de lendas e a mais famosa delas diz que o rei, D. João V vivia muito angustiado pela falta de um filho. Conversou com a rainha, D. Maria Ana de Áustria que foi rezar e pedir a Deus que lhes concedesse essa graça. Enquanto rezava, o Frei António de S. José ouviu as súplicas e foi conversar com a rainha, sugerindo que o rei fizesse uma promessa de construir o mais belo convento de Portugal caso nascesse o herdeiro. A rainha se animou toda e falou com o rei, que prontamente concordou. “Nove meses depois, bem contados, na expressão pitoresca do povo, a rainha de Portugal teve a sua hora pequenina. E nessa hora nasceu um principezinho que encheu de encantamento o coração de seu pai, que o chamou José, em homenagem ao Frade que lhe deu a ideia.”  No mesmo dia, segundo a lenda, iniciou-se as obras para a construção do grandioso convento. (Fonte: Lendas de Portugal)

 

A enfermaria, uma cela monástica e a cozinha do Real Convento de Mafra

O Real Convento de Mafra

Destinado inicialmente a albergar 13 frades da Ordem de São Francisco, o projeto foi sendo sucessivamente aumentado para quarenta, oitenta e finalmente uma comunidade de trezentos religiosos, além do palácio real. Quem visita o mosteiro vê as celas monásticas (literalmente), a cozinha, a botica e a enfermaria, com 16 leitos dispostos em cubículos privados, de onde os enfermos podiam ver e ouvir a missa na capela sem nem mesmo saírem das suas camas.

 

Os aposentos da rainha e a sala de música

O Palácio Nacional de Mafra

Dividido em duas alas principais, a dos aposentos do rei, de um lado, e a 232 metros de distância, os aposentos da rainha. Entre os dois, diversas salas formavam o conjunto da residência real, muito utilizada como refúgio de caça da família real. No corredor de acesso, uma ampla janela com vista direta a nave da Basílica, de onde os reis podiam assistir missa. O palácio tem lugar importante na história de Portugal pois foi justamente ali que em 5 de outubro de  de 1910, o último rei D. Manuel II, filho sobrevivente do Rei D. Carlos I, passou sua última noite em Portugal, antes de seguir para a praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio, após o assassinato de seu pai, o rei D.Carlos I e seu irmão, D. Luís Filipe.

 

Os afrescos do Palácio e o quarto do rei

 

D. João V não economizou o ouro que vinha do Brasil  e todo o monumento é adornado por pinturas, esculturas e mobiliário impressionantes, constituindo a mais significativa coleção de escultura barroca italiana fora de Itália. O palácio tem ainda os jardins, com um pequeno labirinto ao redor de uma fonte singela, com peixinhos. Ao alto podemos ver os famoso carrilhões, mandados fabricar em Antuérpia e em Liège por dom João V, com um total de 98 sinos. São os maiores carrilhões do século XVIII existentes no mundo.

 

Os jardins do Palácio de Mafra

 

No dia que visitamos havia exibições de falcoaria e outros pássaros, como corujas. Por 10 euros é possível fotografar com os pássaros.

 

Detalhes da Biblioteca de Mafra

A Biblioteca de Mafra

Talvez a maior estrela do edifício, no entanto, seja a Biblioteca de Mafra, belíssima, com seu chão em mármore rosa, cinza e branco e uma coleção impressionante de mais de 36 000 livros, com encadernações em couro gravadas a ouro que incluem uma segunda edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões, entre outras preciosidades tal como o primeiro livro que foi impresso em Portugal, em 1487, em Faro.

Seus 88 metros de comprimento impressionam pela beleza e encantam todos que apreciam a cultura. Um fato curioso acerca da Biblioteca é que, até hoje, são utilizados morcegos para ajudar no combate às traças e larvas que danificam as obras. Não deixe de visitá-la, prestando a atenção também em sua ante-sala, onde existem alguns exemplares de livros antigos abertos, assim como transcrições assinadas pelos reis e alguns fatos interessantes, em forma de notas. A saber, a biblioteca é aberta ao público para pesquisa com autorização prévia, e precisa ser agendado previamente com os bibliotecários locais.

 

Informações para visitar o Palácio Nacional de Mafra:

Endereço: Terreiro D. João V – Mafra

Horários:

Palácio:
Todos os dias, excepto 3ª feiras
das 09.30h às 17.30h (última entrada 16.30h)

Biblioteca (leitores):
Dias úteis – das 09.30h às 13.30h e das 14.00h às 16.00h

Basílica:
Diariamente das 09.30 às 13.00h e das 14.00 às 17.30 h
Nota –  A Basílica, o Núcleo de Arte Sacra e Enfermaria encerram das 13.00 às 14.00h

Para saber os preços e isenções, consultar o site oficial aqui.

Juju em frente a Tasca O Galo da Manhã

Saímos do Palácio e fomos almoçar, era pouco antes do meio-dia. Ficamos quase duas horas dentro do Complexo e, ainda assim, achei que foi pouco. É que estava bastante agitado, com algumas escolas a visitar. Cheio de crianças e adolescentes que pareciam estar fazendo algum tipo de gincana. Isso prejudicou um pouco a visita, fazendo com que alguns cômodos ficasse quase impossível de permanecer. Mas faz parte! 

A Tasca onde almoçamos

Em frente ao Palácio havia uma feirinha, colorida e bem bonitinha. Fiquei com vontade de passear um pouco ali, mas ventava tanto que desanimei. Atravessamos a rua em direção a tasca O Galo da Manhã, que foi recomendação dos queridos Caio e Márcia, nossos amigos. Pedimos Bacalhau às Natas e Churrasco de Frango com Batatas. Estava de-li-ci-o-so, sem mais. Incrível como essas tascas conseguem fazer comida caseira deliciosa e a um preço super acessível. Passo adiante a recomendação porque realmente gostamos muito da experiência.

 

Aldeia Típica José Franco

Aldeia Típica José Franco

Saímos de lá e seguimos diretamente para a Aldeia Típica José Franco, a poucos minutos de distância do Palácio de Mafra, de carro. O GPS achou direitinho! A Aldeia é uma visita super interessante, especialmente para quem vai com crianças, mas não só. Trata-se de uma réplica em tamanho reduzindo de uma aldeia típica da região, no início do século XX. O artesão José Franco, que faleceu em 2009, iniciou a construção lá no início dos anos 60 e utilizou objetos reais na decoração dos espaços e contribuiu de forma a preservar a memória e os costumes da região, de uma maneira linda. 

Detalhes da Aldeia José Franco

São vários espaços que incluem casas, sapataria, escola, lojas, restaurantes, um vilarejo em miniatura, parquinho e até muralhas  com um mini zoo. Ficamos lá cerca de 40 minutos. O local é de fácil acesso e conta com um amplo estacionamento, na parte de trás, bem fácil de achar. Confesso que não levava muita fé na visita, mas acabei encantada! E quer saber, é gratuita! Isso mesmo, a entrada é grátis para todos.

Endereço: Estrada Nacional 116 Sobreiro
Entrada gratuita
Horários: diariamente das 09:30 às 19:00 (verão) e até às 18:00 (inverno)

Mini Safári na Tapada de Mafra

Tapada de Mafra

Criada em 1747, no reinado de D. João V na sequência da construção do Palácio de Mafra, seu vizinho, a Tapada Real de Mafra foi criada para ser uma zona de lazer real, já que a família real e a nobreza apreciavam as caçadas. 

Hoje em dia é aberta ao público, que pode visitar a Tapada para turismo rural.  Lá existem algumas opções para passeios e o que nós fizemos e vamos contar aqui é um mini safári, em um carro elétrico, para ver alguns exemplares da rica fauna do local.

Na Tapada de Mafra existem trilhos para percurso pedestre, carros elétricos, comboio e charrete e visitas guiadas para observação da fauna e flora. A caça ainda é permitida em algumas épocas do ano e bastante monitorada para garantir o equilíbrio natural.

É na primavera que ocorre a queda das hastes

Para visitar a Tapada, recomendamos fortemente a primavera, pelos motivos que nos explicaram lá. Durante a primavera ainda não faz muito calor e é a época de procriação dos animais. Como, de fato, pudemos comprovar, não fazia tanto frio como no inverno, nem tanto calor, como no verão, os bichinhos estavam ativos e bem à vontade, andando ao longo das trilhas, para nosso deleite!

As meninas vibravam a cada bando avistado. Foram cervos, gamos e javalis os nossos maiores companheiros. Todos acompanhados de filhotes!

Chegamos à Tapada pouco antes das 14:00 e é muito importante consultar a programação do dia. Os passeios guiados ocorrem em horas específicas então pode acontecer de você precisar esperar até o próximo.

Nós ainda pegamos uma promoção, por conta do dia das crianças que aqui em Portugal é em junho, então só pagamos os ingressos para os adultos. A promoção era um ingresso infantil grátis para cada ingresso adulto. Perfeito para nossa família!

 

O carro elétrico, o chalé de caça do rei e o Museu dos Coches

Como contei acima, o dia estava muito ventoso e à medida que a tarde avançava começou a esfriar mais. Optamos então por fazer o passeio no carro elétrico, porque estava saindo às 14:00 e havia vagas. As outras opções eram esperar até as 15:00 e ir de comboio (um trenzinho motorizado e aberto, puxado por um carro, podíamos também ir de charrete ou mesmo caminhar pelas trilhas.

Caminhar estava fora de questão. As distâncias são bastante grandes, ventava muito e estava esfriando. Além disso, nós ficamos com receio de encontrar os bichos pelo caminho e não saber o que fazer! kkkkk Sei lá, vai que o javali implica conosco e sai correndo atrás? Deus me livre, ainda mais com as meninas junto! 🙂

Nossa escolha não poderia ter sido melhor. O carro elétrico é menor e menos barulhento que o comboio. Nos aproximamos de vários animais sem causar qualquer comoção. Eles parecem estar bem acostumados com os visitantes.

Caminho percorrido pelo carro elétrico na Tapada de Mafra

O percurso percorrido é de 8 km, tapada acima e passa por instalações interessantes como os abrigos de caça (os azerves), os Museus da Caça e dos Coches, que visitamos, o chalé de caça e as casas do campo. Passa também pelas piscinas reais, utilizadas para guardar água e amenizar o calor no verão.

O passeio para quem vai de Comboio inclui uma oficina de apicultura e demonstração de falcoaria. Não foi nosso caso, então esses ficam para uma próxima ocasião. Ficamos cerca de 1 hora no passeio e fazia frio. Aliás, bom comentar que ganhamos mantas para nos cobrir e também proteger da poeira. Foram muito úteis por, como comentei, ventava muito.

Gostamos muito da experiência e recomendamos para quem quer um passeio diferente e animado, junto à natureza. Aprendemos muito acerca da fauna e da flora locais, com segurança e conforto. 

Pagamos 24 Euros para o passeio. Como comentei antes, era uma promoção para o dia das crianças. Se elas pagassem, teria sido 9 euros para cada uma.

Para consultar a programação do parque, os tipos de passeios oferecidos e os preços, consulte o site oficial da Tapada de Mafra:

Site: http://tapadademafra.pt/pt/

Telefone: +351 261 814 240

 

Voltamos para casa totalmente satisfeitos com o passeio bate-volta à Mafra. Sem sobra de dúvidas superou nossas expectativas e deixou aquele gostinho de “quero mais”. Pensamos em voltar à cidade para conhecer um pouco mais, passear por suas ruas, conhecer as praias e também as aldeias em seu entorno. Se tiver dicas, deixe aí nos comentários!

 

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