As Passeadeiras

Ética para crianças

Ética para crianças

Estamos vivendo no Brasil uma séria crise de moral e ética. Diariamente somos bombardeados com notícias de ações anti-éticas em todos os âmbitos possíveis, mas, principalmente na política. Mas não é só lá o problema. Basta prestarmos um pouco de atenção e veremos infinitos exemplos de “jeitinhos”, fura-fila, propinas, aproveitar o sinal, estacionar em local proibido, etc, etc, etc… Mas afinal, o que é ética e, muito importante: é possível ensinarmos ética para crianças?

A palavra “ética” vem do grego ethos e significa aquilo que pertence ao “bom costume”, “costume superior”, ou “portador de caráter”. Princípios universais, ações que acreditamos e não mudam independentemente do lugar onde estamos. 

Outro conceito de ética é “área da filosofia que estuda a moralidade, tais como os conceitos de bem e mal, nobre e ignóbil, certo e errado, justiça e virtude.”

Parece filosófico mas, na verdade, é muito simples. Todos temos algum senso do que é certo ou errado e, na dúvida, basta pensarmos como nos sentiríamos se determinada ação que cogitamos fazer fosse publicada em rede nacional. Se sentirmos constrangimento ou vergonha, então é errado. Não faça.

É o que ensinamos aqui em casa às meninas. Claro que estou simplificando, já que o objetivo é ensinar as crianças, mas acredito sinceramente que princípios de certo e errado, ética, moral e caráter são perfeitamente “ensináveis” com palavras e, principalmente, com exemplos.

Conto aqui então uma cena que aconteceu aqui em casa há poucos dias e que publiquei na fanpage das Passeadeiras no Facebook:

– Mãe, não consegui responder essa questão do tema. Tu podes me ajudar?
– Sim filha, tu já leu a matéria?
– Li e não achei a resposta.
– Mas tu leu bem lido ou assim por cima? Se eu ler também não vou encontrar?
– Eu li mãe…e não encontrei.
– OK, deixa eu ver. … (procuro a resposta e encontro). Filha, a resposta está aqui (fecho o livro e passo para ela).
– Sério? Me diz então qual é?
– Não filha, ela tá aí. Leia de novo que tu vais encontrar.
– Mas será que tu não pode me ajudar um pouco? Eu tô te pedindo ajuda!!! (indignada)
– Posso filha, eu posso te ajudar sempre. Fazemos assim então. Eu te digo a resposta com uma condição: Tu escreves no livro que quem respondeu fui eu.
– (cara de horror) Claro que não né mãe!!! Eu não posso fazer isso!!
– Não pode porquê, filha? É a verdade, não é?
– Mas mãe, tu não pode fazer o tema por mim…
– Pois é, não posso. E mesmo sabendo disso tu me pediu…
– (Fecha a cara e sai indignada batendo os pés no chão). Caminha até a escada e pára.

Dá meia-volta e diz: “Mãe, quero te dizer uma coisa… tu tá me criando muito bem…”

Com dez anos de idade, Manoela já sabe identificar o que é certo e errado, mesmo que tente “atalhos” ou “caminhos mais fáceis”. Para mim também seria mais fácil dizer a ela onde estava a resposta ou ainda dizer qual era a resposta correta. Mas nem sempre o mais fácil é o correto, nem sempre o mais fácil é ético. E essa lição ela não vai esquecer mais.

Assista a esse vídeo, com Sérgio Cortella sendo entrevistado por Jô Soares, sobre ética e moral:

E você, o que pensa a respeito? Como ensina moral e ética para seus filhos?

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Leia outras crônicas e reflexões sobre maternidade e filhos aqui.

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