As Passeadeiras

Sobre felicidade

Sobre felicidade

No último final de semana eu li um artigo no jornal Zero Hora, aqui do Rio Grande do Sul, que falava sobre felicidade. Um tema bastante recorrente, batido até, já que parece que todo o planeta fica perseguindo a felicidade sem sossego. Mas onde encontramos a bendita? Como ser feliz diante de tantas pressões, desafios e auto-cobranças?

O artigo que mencionei falava justamente de um livro, da escritora Helen Russel, “The year of living danishly: uncovering the secrets of the world’s happiest country” (traduzindo livremente: O ano em que vivemos como dinamarqueses: descobrindo os segredos do país mais feliz do mundo). A colunista Mariana Kalil, que também é autora dos livros (impagáveis) Vida Peregrina, Peregrina de araque e Tudo tem uma primeira vez, traz a expressão dinamarquesa “hygge” (pronuncia-se hu-ga) que não tem tradução em outra língua, mas quer dizer algo como “aconchego”,” o fato de dedicar tempo a algo simples, mas capaz de nos fazer felizes”, “algo que conforta nossa alma e que conseguimos realizar facilmente e com frequência”.

Pequenas alegrias diárias (Foto: GettyImages)

Como exemplo, Mariana cita coisas como ler um bom livro, beber um vinho, assistir a um filme, bater papo com os amigos, passear com o cachorrinho… e por aí vai. É o que eu, aqui em casa, chamo de pequenas felicidades diárias. 

Mas Passeadeira, isso não é meio óbvio?

Pois então… acontece que parece que, cada vez mais, o óbvio e o trivial vão cedendo espaço para o extraordinário e o mirabolante. As pessoas parecem procurar desesperadamente por fama, dinheiro e glória, nem que seja nas redes sociais, e, nessa procura alucinante, acabam sem tempo de prestar atenção e curtir aqueles momentos simples, triviais e óbvios que existem em seus dia a dia. Uma tristeza!

Vejo pessoas ficando vazias, sedentas por momentos gloriosos que deixam passar a enorme quantidade de pequenas alegrias que preencheriam seus corações com amor. Sim, porque é isso que esses momentos cotidianos de felicidade fazem: criam amor. Amor por nós mesmos, amor pela vida que temos, amor pelas oportunidades que se apresentam. Esse amor está diretamente ligado à gratidão, ao bem-estar, ao prestar atenção nas pessoas e nas coisas que nós temos em nossa vida. É abrir espaço para a gentileza, que é a mãe de toda forma de carinho. É ter tempo para o perdão a si mesmo.

“A felicidade interior é feita de qualquer pequena coisa que ilumine sublimemente o seu olhar”

Mariana em seu artigo explica também que a cultura hygge tem a ver com “ser bom consigo mesmo, … e não se castigar ou se culpar o tempo todo pelos mais variados e banais motivos”. Ah a tal culpa! Culpa de não ser linda, de não ser rica, de não ser popular ou bem-sucedida, de acordo com padrões criados por sei lá quem…

Conclui ainda dizendo que “o segredo, mais do que encontrar tempo, é permitir-se dedicar este tempo a estas coisas”.

E é aí que mora o x da questão. Permitir-se. Permitir-se não ser o padrão estipulado. Permitir-se ter menos dinheiro e ainda assim ser feliz. Permitir-se curtir um hobby, um chá, um carinho sem pretensão. Ser bom consigo mesmo e com aqueles que estão a sua volta. Aconchego.

“A vida é feita de pequenas felicidades”

Sabe o que mais me causa estranheza? Que as pessoas precisem escrever um livro sobre isso! Não é óbvio e ululante?

Só que não, né Passeadeiras? Parece que perdemos a capacidade de perceber mesmo o óbvio, correndo atrás de uma felicidade que projetamos de algum lugar e emprestamos como sendo nossa.  Para mim, felicidade é que nem nariz (pra ser mais elegante). Cada um tem o seu… permita-se encontrar a sua!

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