Tendo trabalhado em ambientes corporativos e grandes empresas, aqui no Brasil e fora também, pude comprovar a realidade da diferença de número entre mulheres e homens em cargos de liderança. Ainda que o movimento seja ascendente, falta muito, e por muitas razões, para as mulheres se equipararem aos homens em termos de igualdade salarial e de oportunidades. Hoje trago para vocês uma reflexão muito interessante e ilustrativa de Ana Paula de Almeida Santos, diretora jurídica da Assurant Brasil, que conta sobre a Síndrome de Rapunzel, a estória infantil que bem conhecemos. Eu adorei!
Liderança feminina e a Síndrome de Rapunzel
Por Ana Paula de Almeida Santos*
A solidão na liderança não é algo novo. Na verdade, a necessidade de estar só é inerente ao ser-humano. Não é incomum o isolamento em momentos de dificuldade e que necessitem de certo tempo de reflexão. No entanto, o que temos visto é um isolamento permanente daqueles que ocupam cargos de gestão – este isolamento é ainda mais visível no universo feminino.
Seja em razão do pouco número de mulheres no C-level em nossas empresas ou em razão do complexo papel que a mulher vive em seu dia a dia, é possível dizer que as mulheres no topo vivem muito mais isoladas no mundo corporativo do que os homens na mesma posição. Tomo a liberdade de chamar esse cenário de Síndrome de Rapunzel.
Mundialmente conhecido, Rapunzel é um conto de fadas que narra a vida de uma menina criada por uma bruxa, que vive isolada em uma alta torre sem portas ou escadas, apenas com uma janela no topo. A história original é um pouco mais dramática do que as recentes versões encontradas em desenhos animados, mas ainda assim com um final feliz. Fato não tão conhecido é que este conto foi apenas compilado pelos Irmãos Grimm. Rapunzel é uma adaptação de um conto francês escrito por uma mulher e publicado originalmente em 1698 com o nome de “Persinette”.
Charlote-Rose de Caumont De La Force ou Mademoiselle De La Force, autora de “Persinette”, não chama atenção somente pelo nome – que coincidentemente pode ser traduzido como Dama da Força. De La Force foi uma conhecida escritora francesa dos séculos 17 e 18, e uma das únicas 25 mulheres europeias à época que fizeram parte da prestigiada Accademia dei Ricovrati (atualmente conhecida como Academia Galileiana de Ciências, Letras e Artes), em Pádua, na Itália. A Academia fundada em 1599 e que teve como um de seus fundadores Galileo Galilei, admitiu mulheres apenas como membros honoráveis, não permitindo a elas o direito ao voto, à ocupação de cargos diretivos, ou mesmo à participação em reuniões.
Não há aqui nenhuma intenção de fazer críticas à sociedade da época (vamos concordar que a presença de 25 mulheres no século 17 em uma Academia, já era um imenso avanço), a reflexão interessante se dá no paralelo que podemos traçar entre os sentimentos que levaram De La Force a escrever um conto sobre solidão, isolamento e superação, e os sentimentos que continuam sendo o da mulher do século 21.
Mesmo existindo avanços, ainda é notado o pouco interesse da mulher por altos cargos. Menos de 20% dos conselhos e diretorias das 500 empresas listadas pela Fortune são ocupados por mulheres, de acordo com dados do PewResearch Center. No Brasil este percentual chega apenas a 19%, segundo o International Business Report. Tal cenário não vem somente da falta de condições que muitas empresas oferecem, mas vem também da consciência deste isolamento (mesmo quando pouco perceptível), que é decorrente de ambientes desiguais, não meritocráticos e machistas.
Vale destacar que atualmente estes ambientes não são mais a regra. A cada dia vemos mais empresas conscientes da importância social e econômica da presença da mulher no mercado de trabalho e em cargos de alta gestão, incentivando o empoderamento e fortalecimento feminino. No entanto, ainda se faz importante e necessário investir em iniciativas sobre igualdade de gênero no mercado de trabalho e em discussões sobre lideranças focadas em pessoas e não em gêneros, mostrando à mulher que ela não precisa se isolar em uma “Torre de Rapunzel”.
Na história de La Force, sua heroína encontra meios de escapar da torre utilizando suas principais qualidades. E, mesmo sendo punida, ela é recompensada no final. De La Force não teve o mesmo destino de sua heroína. Por ser uma mulher que vivia à frente de seu tempo e prezava a liberdade, foi condenada pelo rei Luis XIV a viver o resto de seus dias isolada em um convento.
Este conto foi escrito há mais de três séculos e, ainda assim, a história da Dama da Força parece ser mais atual do que nunca. Que a força da história de De La Force nos sirva de inspiração, afinal, a torre não é nosso lugar.
* Ana Paula de Almeida Santos é advogada e diretora Jurídica da Assurant Brasil
Interessante que essa história sempre nos acompanhou desde a nossa infância e sempre foi melhorada em seus desenhos mas sem perder a sua essência, não é mesmo? Adoro essa história! E hoje em dia as minhas filhas a curte em Enrolados. E eu sempre assisto junto com elas.
Beijinhos!
Hj estou em um cargo de chefia, mesmo sendo uma empresa moderna, mesmo assim, estamos sempre tendo que mostrar que somos capazes, que damos conta.
É algo histórico, cultural e até nós mulheres somos um pouco machistas sem perceber.
bj,
Alê
http://www.dafertilidadeamaternidade.com.br/
Cada vez mais a mulher assume cargos de liderança, e muitas vezes isso faz com que ela tenha que adiar seus planos, e outras vezes até abrir mão deles. É uma faca de dois gumes, e isso pode sim trazer um afastamento e isolamento. Vale a reflexão
Muito bacana este texto e gostei demais desta analogia com a Rapunzel! Que a gente veja mais e mais mulheres em situações de liderança!!
UAU que post incrível!
Temos mesmo nosso lugar e não é na torre (nem na cozinha.. apenas heheh)
bjs
Lele
Gostei desse link da realidade vivido hoje pelas mulheres dentro das organizações, independente do porte, com a história da Rapunzel. Já exerci cargo de liderança, era a única mulher na posição no meu departamento, e realmente não é fácil lidar com o “machismo” de certas pessoas.
Muito interessante essa reflexão. Trabalhei muitos anos no mundo corporativo e sei como é difícil para as mulheres. Ainda estamos longe da igualdade de gêneros, mas aos poucos as mulheres vão conquistando seu espaço. Beijos, Fabi Fontainha
Adorei o post! Realmente ainda é muito dificil se igualar no mercado de trabalho!!
Interessante reflexão. Infelizmente, há muito preconceito para com as mulheres. Para alcançar a lideranças precisam se esforçar e provar constantemente sua capacidade. São poucas que aguentam a pressão, justamente, devido ao isolamento e batalhas mais duras que terão que enfrentar. Que a história de nos inspire mesmo!
Não conhecia essa síndrome! Adorei o post!
As mulheres lutão sempre por um lugar ao sol, mas mesmo assim sofremos repressões e pressões da sociedade.
Nossasaogemeos.blogspot.com.br
Adorei o post!!! Excelente!!! Aliás, não conhecia essa síndrome…
Não é fácil a colocação da mulher no mercado de trabalho, na sociedade e muitas vezes no próprio lar como uma pessoa hábil, inteligente, capaz e excelente no que faz, principalmente quando se tem perfil e/ou cargo de liderança!!!
Adorei a reflexão, parabéns pelo Post
Bjs Mi Gobbato @espacodasmamaes
Claudia, que interessante o texto!! Amei a reflexão e é muito a nossa realidade. Estamos no caminho certo em conquistarmos ainda mais os nossos lugares!
Nossa, amei saber sobre a história. Infelizmente vivemos num mundo machista, como bem colocado. Porém, cresci vendo minha mãe crescendo dentro da sua área de atuação, sendo que me espelho muito nela. Parabéns pelo post. Bjos
Adorei a analogia! Antes de ser mãe era uma fiel defensora de mulheres em cargo de chefia! Hoje, depois da maternidade, pendi pra outro lado! Hoje tenho outra visão! Uma mulher que é mãe deveria trabalhar no máximo meio período e no outro cuidar do que ela tem de mais precioso, os filhos! Ou se mãe vai trabalhar fora, o pai deveria assumir esse papel! O fato é que não concordo com a terceirização da educação dos nossos filhos (escolas integrais e babás o dia todo)! Eu hoje trabalho fora e o marido também, ‘mas carrego uma imensa culpa no coração! Não vejo a hora de ajeitar as coisas e trabalhar em casa, tendo a oportunidade de olhar os filhos! Apoia o ápice do feminismo, acredito que nós mulheres e mães estamos fazendo o papel inverso, resgatando a importância da família e do papel de mãe e pai! Bjos
Ótimo tema. Infelizmente hoje em dia é muito dificil ter igualdade, apesar de tantas manifestações a favor! Sei bem como é isso ao lidar com clientes que não acreditam que a empresa é minha!
A Mulher conquistou a muito custo tudo que tem hoje e muitas mulheres hoje sustentam a casa sem depender de homem nenhum! Deixa apenas para os contos de fadas a mulher do passado!! beijos
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