Finlândia com Patrícia Cerutti

Finlândia com Patrícia Cerutti

Patrícia é uma amiga muito querida, professora aqui em Portugal e apaixonada por livros. Nos conhecemos através de amigas comuns e logo houve aquela conexão. Seja por conta da gauchice, seja por conta do amor aos livros e viagens, logo vieram conversas, cafés e parcerias. Patrícia é a idealizadora do Café Literário e Clube do Livro, que acontecem várias vezes ao mês e são organizados através do grupo de whatsapp e do Instagram @afetoliterario5

Recentemente descobrimos mais uma afinidade! Patrícia viajou à Finlândia em 2023 e, é claro, que eu a convidei para escrever um post aqui para o blog contando tudo. Quem me acompanha há mais tempo sabe que tenho um carinho especial pela Finlândia por conta de um estágio pós universidade que fiz por lá… no século passado :-). Morro de vontade de voltar, mas enquanto isso não acontece, viajo através dos relatos e fotos da Patrícia!

Obrigada, querida Pati, por ter aceito meu convite. É um prazer imenso ter você aqui também no blog. Vamos a isso?

 

Eu, nos idos anos 90, na Finlândia

 

Finlândia com Patrícia Cerutti

 

Quando criança era fascinada pelos gibis (bandas desenhadas) da Luluzinha e do Bolinha (tanto quanto adorava os gibis da Mônica e sua turma). E ficava encantada toda a vez que ela tirava férias com a família e ia para o Alasca. Lá vou eu me inspirar nas histórias que eu li para viajar.

Não, não vou contar aqui a minha experiência de viagem ao Alasca, pois ainda não foi desta vez que eu realizei esse sonho. Mas vou contar para vocês a minha história de viagem sozinha (pela primeira vez) e para um país com neve (também pela primeira vez).

Várias vezes viajei com família em pleno inverno europeu, ou americano, e nunca tive a chance de ver alguns centímetros de neve que fosse. Algumas vezes “batemos na trave”, como quando eu e o marido fomos à Paris e poucos dias depois de voltar ao Brasil teve a maior nevasca dos últimos 40 anos na cidade. Ou, por duas ocasiões, quando fomos à Nova York e só vimos a neve através dos primeiros pingos (molhados e não nevados, diga-se de passagem). Ou então quando estávamos presos no aeroporto de Schipol em Amsterdam, e lá fora nevava tanto que o voo atrasou em 3 horas ou mais. E tivemos que esperar presos na sala de embarque. Mais uma vez batemos na trave.

Eu sou da opinião que as oportunidades são para serem agarradas com unhas e dentes. Então, no ano de 2023 uma amiga brasileira me convidou para ir encontrá-la em Tampere, no interior da Finlândia onde a netinha iria comemorar 3 anos. Aceitei o convite “de pronto”. Então, comecei a me preparar para tal empreitada. E, claro, comprei um livro que me inspirasse a conhecer um pouco mais sobre o país. O livro escolhido foi A Purga de Sofi Oksanen. Conta a história da guerra de independência da Finlândia, quando na separação da Russia, e o que algumas mulheres foram obrigadas a passar durante este período.

 

Estava mega ansiosa, nervosa mesmo, pois só iria encontrá-la 2 dias depois que chegasse a Helsinki, por isso precisava ter bastante noção do que iria fazer por lá. SOZINHA!!!!

Primeiro passo: comprar passagens aéreas. Não achei voos diretos de Lisboa para Helisinki (hoje já sei que há e são operados pela Finnair), por isso comprei pela KLM um voo com uma conexão apertada de 40 minutos em Amsterdam. Passagens compradas. E deu tudo certo!

 

Finlandia com patricia cerutti

The Yard Hostel em Helsinki – Fotos: Booking.com

 

Como chegar do aeroporto até Helsinki? Muito fácil. Há trens que partem do aeroporto em vários momentos em direção à capital. Por isso não há erro. Só descer as escadas e estaremos lá. Todos os totens de venda de passagens estão em várias línguas. Exceto em português. Então, inglês, espanhol, finlandês, alemão… e por aí vai.

Onde ficar em Helsinki? Decidi ficar em um hostel bem próximo à estação de trem. Já tive outras experiências em hostel, mas nunca uma que eu ficasse sozinha. E me surpreendi muito. O The Yard Hostel tem quartos femininos separados, com 6 camas, um ótimo ambiente acolhedor, tudo muito limpo, e aquecidos, com camas com cortinados que nos isolam completamente, duchas individuais assim como os banheiros (nada daqueles banheiros tudo junto e misturado” que vi no Caminho de Santiago) e chinelos individuais, pois sempre tiramos os sapatos na entrada.

No dia seguinte, fui explorar a cidade a pé. Na verdade só peguei transporte público para me deslocar entre as cidades e até o aeroporto. Depois do café da manhã, fui caminhar e conhecer tudo na região. Impressionada com a limpeza, apesar do dia chuvoso. Foi a primeira vez que saí na rua às 10h da manhã e tinha acabado de amanhecer. E às 4h da tarde, já estava escurecendo. 

 

Finlandia com patricia cerutti

Passeando por Helsinki

 

Lá vou eu me perder pelas ruas da capital. Na primeira quadra, já me deparei com algumas livrarias (juro que não as procurei, mas não resisto quando elas aparecem no meu caminho). A Catedral de Helsinki foi minha primeira visita. Uma linda catedral luterana, chamada de Catedral Branca, pois se sobressai naqueles dias tão cinzentos. Foi construída como um tributo ao czar Nicolau I da Rússia. E depois de me aquecer um pouco, era hora de voltar a caminhar.

Agora em direção ao porto, onde há uma linda Igreja Ortodoxa Russa, com muito mais cores e muito mais vida. Essa se situa no alto de um morrete e é a maior igreja Ortodoxa Russa fora da Rússia. Adoro visitar igrejas, principalmente as antigas, pois acho que elas contam as memórias de um povo.

Mas chega de igrejas, hora de conhecer o comércio local.  

E, ainda no porto, me dirigi ao Old Market Hall, um lindo prédio antigo com muitas lojas e restaurantes. Nada melhor do que um mercado no porto para se comer o melhor peixe da região. E estava delicioso o meu salmão grelhado com algumas “raskanperunat” (ou batatas fritas). Foi lá que conheci a intrigante história da Runeberg Turt – uma declaração de amor de Fredrika Runenberg ao seu marido e poeta finlandês, Johan. Ela foi a responsável por adaptar esta receita e vendê-la para ajudar seu marido. Romântico, não ?– e onde comprei duas geléias completamente diferentes: de rena e de urso. 

Resolvi, na parte da tarde, conhecer a moderna Biblioteca Nacional da Finlândia. Impossível descrever minha sensação num local como este, pois nunca havia visto tantos bebês juntos em uma livraria. Há uma área infantil muito bem arranjada, onde os bebês podem explorar e descobrirem o mundo dos livros, das cores, das formas, das texturas e até dos sons. Ah!!!!! Isso sim o mundo precisa.

Hora de voltar ao Hostel e descansar. Minha amiga chega para almoçarmos juntas no próximo dia. Dormi como um bebê, de tão cansada e feliz. Mas nada de neve… Tudo cinza e nada de branco.

Dia 03 desta viagem incrível e minha amiga, Isabel, chegou para passearmos juntas. Tomamos um gostoso café juntas e fomos conhecer a Igreja Temppeliaukio. Vocês vão pensar: mais uma igreja, Patrícia? Não! Não é uma igreja comum. É um templo luterano de aparência incomum. Uma entrada desprentensiosa, encobertas por paredes de concreto, nos conduz por um corredor escuro até o Santuário iluminado esculpido em rocha. Para contrastar com o peso dos materiais, claraboias ao redor da cúpula criam jogo de luz e sombras o que dá uma sensação de leveza.

 

Ilha de Suomenlinna

 

Depois disto, mais um almoço no  Old Market Hall e um passeio a tarde, na ilha de Suomenlinna, no mar Báltico. Pensa  num dia frio! Agora pensa em vento forte! E eu? Esqueci a minha toca no Hostel. Fazer o quê? Encarar isso e aproveitar a tarde da melhor maneira possível. O que eu não contava? Que minha labirintite atacasse com tanto vento forte. Aí, quando chegamos ao ponto mais extremo da ilha, resolvemos voltar, pois não estava a fim de não conseguir achar o caminho e nem conseguir me recuperar de ver “meu mundo girar”.

E eu, ainda pensava na Luluzinha e nas brincadeiras na neve. Até agora nada. Então partimos de trem para Tampere, onde fiquei mais 3 dias. Já era noite, estava cansada, enjoada e era hora de repousar. O que será que a nova cidade e os brasileiros que por lá iria encontrar me esperava? 

 

Finlandia com patricia cerutti

Passeio por Tampere

 

Acordei cedinho, no dia seguinte, e não resisti e abri a janela. Uauuuuu!!!!! Tinha uns 10 cm de neve na rua. Tudo muito branquinho. Então me senti uma criança no corpo de uma “madura”. Me arrumei, tomei café e minha amiga continuava a dormir. Fui, então passear sozinha, pela cidade. Nos encontraríamos depois. E assim foi. Andei algumas quadras, encontrei outra igreja, vi crianças a brincarem na neve durante o intervalo das aulas e vi uma cidade branquinha de neve, com os caminhões a tirarem a neve das ruas, as pessoas passando com muito cuidado para não cair e eu com os pés afundados e rindo sozinha. Nesta hora fiz um vídeo para a família, mostrando a criança que ainda tinha em mim, realizando um sonho de criança. 

À tarde, mais uma biblioteca para visitar – agora a do bairro, onde almoçamos. Muitas fotos, muito tempo na rua “brincando”. Ah! Não me joguei na neve como muitos pensam. Ficar molhada e ter só uma mochila com poucas roupas, não ajuda muito nessa hora. Mas tomei um “banho” de neve quando passei embaixo de algumas árvores que resolveram me batizar e deixar sua neve em mim. 

À noite, um passeio MUITO diferente. Fui assistir com os brasileiros que estavam por lá, ou que moram lá, um jogo de Hoquei no Gelo. Me lembrei muito dos jogos da NBA nos EUA. Mas com um estádio muito menor. Adorei! Uma experiência para jamais esquecer.

 

Hämeenlinna

 

Eu e Isabel resolvemos, no sábado, ir conhecer um Castelo Medieval ali pertinho. Menos de 1 hora de viagem e aí sim, muita neve vimos lá. A cidade é Hämeenlinna, o Castelo é Häme Castle, nas margens do lago CONGELADO de Vanajavesi. Construído no século 13, serviu como base militar e hoje abriga um museu. Não tenho palavras para descrever com o foi essa visita, e poucas fotos também, já que estava encantada com absolutamente tudo o que eu vi por lá. 

Mais um dia e mais um lindo passeio para curtir os momentos e conhecer mais a história. 

Estava quase na hora de voltar para Portugal, mas precisava comer o típico pretzel e fizemos isso dentro de um parque/floresta na cidade de Tampere. Tudo branquinho, novamente. E eu comi a deliciosa iguaria (diferente daquela que conhecemos no Brasil), tomei mais um café quentinho e ainda fiz fotos de uma floresta congelada.

E assim, voltei a viajar com a Luluzinha, lembrando das histórias que ela contava, das brincadeiras na neve, das comidinhas para se aquecer e das amizades que são importantes em qualquer parte das nossas vidas.

E agora que completo um ano desta viagem, lembro sempre do querido poetinha dos Gaúchos, Mário Quintana, que escreveu: “Viajar é mudar a roupa da alma.” 

Quer saber mais sobre as minhas “viagens” literárias ou não? Eu sou Patrícia, 55 anos, apaixonada por livros, viagens e gente. Então, bora lá conhecer melhor meu perfil no instagram em @afetoliterario5 .

 

_________________________________________

 

Obrigada mais uma vez, Patrícia, por ter aceito meu convite e partihado essa viagem deliciosa. Saiba que és sempre muito bem-vinda!

Espero que tenham curtido o post da nossa convidada especial! Deixem perguntas e comentários abaixo e até o próximo!

 

Clau

 

 

 

 

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Sobre o Autor : Claudia Bins

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