O post de hoje conta como foi nossa visita ao Museu Nacional do Azulejo, na cidade de Lisboa. Passamos uma manhã inteira nos deliciando com o incrível acervo das exposições permanentes e temporárias, aprendendo sobre aquele que, com o passar dos anos, tornou-se símbolo máximo da cultura portuguesa. Recomendamos fortemente a visita, mesmo com crianças, e sugerimos 2 horas para a visita, com pausa para um café ou até mesmo uma refeição na linda cafeteria do museu.
Azulejo
Ao contrário do que pode-se pensar, a palavra Azulejo não vem da cor Azul. Ela tem origem na palavra árabe Azzelij (ou al zuleycha), que significa “pequena pedra polida” e designa uma peça cerâmica, geralmente quadrada, em que uma das faces é vidrada.
Era uma linda manhã de domingo, dessas em que o ar frio do inverno torna tudo límpido e os olhos enxergam muito longe. Deixamos nosso apartamento alugado pelo site Homeaway, no bairro da Graça e descemos uma das tantas ladeiras de Lisboa em direção ao Tejo. Dessa vez nosso caminho não rumava à Baixa, onde normalmente iria um turista em visita à cidade. Ao invés disso, quando chegamos à Av. Infante Dom Henrique dobramos à esquerda e seguimos em frente, na direção do Parque das Nações.
Poderíamos ter chamado um Uber ou até mesmo um ônibus, mas a caminhada de 1,5 km não nos assustou. O dia estava ótimo para passear.
Nosso destino era o antigo Convento Nossa Senhora da Madre de Deus. A pérola quase escondida de Lisboa, que desde que foi fundado em 1509, pela Rainha D. Leonor, sofreu várias intervenções, até se tornar o vernáculo da história do azulejo em Portugal, documentando tudo a respeito das pequenas obras de arte ao longo dos último cinco séculos.
Quem nos acompanha já sabe que eu adoro uma lenda, então pesquisei um pouco e descobri essa aqui:
O Nome do Convento
Reza a lenda que D. Leonor andava angustiada sem saber que nome dar ao convento, quando então lhe apareceram
dois belos jovens que lhe propuseram a compra de uma imagem de rara beleza: uma representação da Madre-de-Deus.
D. Leonor recusou-se a comprar devido ao valor elevado da peça, mas os moços deixaram-na ficar com a imagem,
por uns dias, para que ela pensasse melhor. Só que nunca mais voltaram. A rainha entendeu que seria um sinal dos céus
– os dois jovens seriam anjos e a imagem dava-lhe a resposta às dúvidas sobre o nome do convento.
O Museu Nacional do Azulejo nasceu em 1965, embora ainda na dependência do Museu Nacional de Arte Antiga. Somente em 1980, passou a ser o Museu Nacional do Azulejo.
A visita inicia pelo saguão, onde há a bilheteria. Quando visitamos, em janeiro de 2017, a entrada era gratuita aos domingos até as 14:00. Ainda assim foi preciso pegar os tíquetes de entrada junto ao balcão. Aproveitamos para pegar um folder explicativo das dependências do Museu, com dicas de como fazer a visitação.
O museu oferece ainda um aplicativo gratuito para uma visita guiada. Para baixar é só ir a App Store e buscar por MNAz:
Seguimos o percurso indicado, que inicia em uma espécie de claustro ou jardim interno, um tanto decadente em sua conservação, assim como o restante do edifício. Ainda assim, logo na entrada um painel de azulejos brancos e azuis, muito bonito, dá as boas vindas aos visitantes.
A coleção do Museu Nacional do Azulejo estabelece um percurso que vai desde a segunda metade do século XV até à atualidade. Começa por uma breve apresentação das técnicas de manufactura do azulejo, seguindo a visita uma ordem cronológica através das diferentes salas do Museu.
Aqui um rápido resumo do que há em cada andar:
Piso 0
Azulejaria dos séc. XV a XVII
Exposições Temporárias
Claustro
Igreja da Madre de Deus
Piso 1
Azulejaria dos séc. XVII a XX
Exposições Temporárias
Claustro
Presépio da Madre de Deus
Capela de Santo Antônio
Piso 2
Grande panorama de Lisboa antes do terremoto de 1755
Visitando o Museu Nacional do Azulejo
Já na primeira sala de exposição aprendemos sobre as técnicas de fabricação iniciais das pequenas pedras polidas, e vemos exemplares Hispano-Mouriscos, de Corda-Seca e Aresta, do início do séc. XVI. Alguns dos azulejos desta sala foram encomendados por D. Manuel I a oficinas de Sevilha, para decorar o seu Palácio da Vila de Sintra. A visita segue através das salas, mostrando a evolução das técnicas de pintura do azulejo, através de peças do séc. XVI e da primeira metade do séc. XVII. A azulejaria desta época, em regra encomendada pelo Clero para valorizar espaços religiosos, era executada por artífices e aprendizes. As cores mais frequentes eram o azul e o amarelo.
Perto da entrada da Igreja chamou nossa atenção um painel que mostrava o projeto investigativo do inventário do Museu Nacional do Azulejo, onde pudemos ver uma quantidade imensa de caixas e peças em estudo e montagem, que devem, no futuro próximo, entrarem em exposição também.
Continuamos a visita pela Igreja da Madre de Deus, onde ficamos literalmente estupefatos com a riqueza decorativa, tanto nos painéis de azulejo holandeses quanto na riqueza em ouro do altar. A igreja do convento foi fundado no século XVI e contrasta imensamente com o objetivo inicial do convento, que era abrigar freiras Franciscanas Descalças da primeira Regra de Santa Clara. Segundo a história do Convento, contada no site oficial do Museu do Azulejo, “o conjunto arquitetônico deixado pela Rainha D. Leonor, à data da sua morte, era verdadeiramente exíguo, e as queixas das freiras levaram à realização de uma grande campanha de remodelação empreendida por D. João III.”
A Rainha, muito devota e conhecida por sua bondade, pediu para ser sepultada na Igreja, em uma passagem, fato que emocionou todo o reino por sua demonstração de humildade. Não deixe de procurar a pedra cinzenta que sinaliza o sepulcro da Rainha D. Leonor quando visitar a Igreja.
A Igreja compreende ainda a Sacristia, Coros alto e baixo, a Capela da Rainha D. Leonor e a Capela de Santo Antônio.
O coro alto é todo ornamentado em talha dourada, já a Capela de Santo Antônio é toda decorada em estilo barroco setecentista e 27 telas do pintor André Gonçalves que retratam a vida do Santo protetor de Lisboa.
Os painéis de azulejos holandeses, na Igreja, foram colocados em 1686 com financiamento de Luís Correa da Paz, Deputado do Tribunal da Junta do Comércio do Brasil que, em troca, obteve das freiras o consentimento para ter ali seu sepulcro, bem como o de sua família.
A sala do coro alto tem decoração, no mínimo, estranha. Encontramos ali coisas desse tipo, que não consegui descobrir o que significam. Se alguém souber eu agradeço muito deixar nos comentários!
Para ir lá é preciso subir as escadas, passando pelo claustro em direção ao Piso 1.
Onde também visitamos as lindas salas de caça e outras exposições:
Fazendo graça:
Quando visitamos havia uma exposição temporária com vídeos explicando a utilização dos azulejos em Portugal, no Séc. XX, mostrando artistas contemporâneos e suas obras espalhadas por Lisboa, como nas estações de metrô. Aqui um exemplo que vemos na estação oriente:
Uma sala interessantíssima no Museu Nacional do Azulejo, mostra uma série de painéis que adornaram a residência de Antônio Joaquim Carneiro, contanto sua história de vida e marcando fortemente uma época nova na azulejaria portuguesa, quando as encomendas deixaram de ser feita somente pela igreja e nobreza, mas por pessoas da burguesia, que ascenderam socialmente, passando a ter condições de decorarem suas casas também. Assim a história do Chapeleiro Antônio Joaquim Carneiro (1790-1800) mostra que ele deixou o campo ainda muito jovem e foi para a cidade, onde aprendeu o ofício da chapelaria, trouxe seus irmãos para trabalharem com ele, montou uma fábrica de chapéus e se casou.
Na visita, aprendemos também que os portugueses passaram a decorar as fachadas de suas casas e edifícios depois do terremoto de 1755, quando a cidade inteira foi reconstruída. A essa altura, a técnica da azulejaria já estava dominada e espalhada pelo país, o que barateou os custos e permitiu que pessoas que não eram nobres tivessem acesso aos azulejos. Outro motivo do sucesso das pequenas peças era que, sendo vitrificadas mantinham as casas e edifícios protegidos da maresia, tão comum nas costas portuguesas.
A sala mais impressionante, na nossa opinião, fica no segundo andar, onde um enorme painel do ano de 1700, com aproximadamente 22 metros, azul e branco, retrata a costa de Lisboa antes do terremoto de 1755. Ao longo do painel existem placas explicativas que ajudam a identificar cada uma das construções e/ou monumentos.
O painel é riquíssimo em detalhes e acabou por ser o documento histórico, em azulejaria, de como era Lisboa no ano de 1700. Acredita-se que o intuito do painel era retratar “a visão divina sobre a cidade”.
Ao final da visita, sugerimos que conheçam a cafeteria do Museu. Ela funciona onde, antes, era a cozinha e refeitório do Convento e é ricamente decorada com painéis de azulejos azuis e brancos, e enfeitadas com peças de cobre, o que dá um efeito incrível ao ambiente. Se estiver calor, vale conferir o jardim verde ao lado.
Nós almoçamos por lá mesmo. Pedimos sopa para a Juju, Quiche de queijo e fiambre com salada para a Manoela e o marido e eu pedimos o prato de bacalhau. Estava divino e com um preço excelente! Não perca, nem que seja para um café ou uma ida ao banheiro (que é lindo).
Se visitar o Museu do Azulejo com crianças, baixe antes ou peça no balcão o Caderno de Atividades, uma atividade lúdica e educativa para os miúdos. Nós adoramos essas atividades e As Passeadeiras se divertem muito procurando as peças e aprendendo mais sobre o museu visitado,
Baixe aqui: http://www.museudoazulejo.pt/Data/Documents/Caderno%20de%20Actividades%201.pdf
Museu do Azulejo
Museu Nacional do Azulejo
Rua da Madre de Deus, nº 4 | Lisboa
Telefone: (+351) 218 100 340
e-mail: geral@mnazulejo.dgpc.pt
Website: http://www.museudoazulejo.pt/
Veja aqui um vídeo sobre o Museu Nacional do Azulejo, produzido pelo canal da RTP. Mas não deixe de visitar in loco, afinal, nada substitui a experiência!
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