Turistar é uma coisa engraçada. Normalmente ficamos pouco tempo em uma cidade, visitamos um ponto turístico, batemos fotos, comemos algum prato típico e rapidamente passamos ao próximo. Com alguma sorte visitamos amigos que moram por ali e participamos de algum evento cultural bacana.
Não me entenda mal, não tenho nada contra turistar. Muito antes pelo contrário, adoro! Adoro viajar de qualquer jeito pra ser bem honesta. Nasci com a mala pronta.
Ultimamente, porém, tenho verdadeira paixão por “slow travel”. Aquele jeito de viajar que te permite sentar com calma e apreciar um café, todos os dias. Ver o sol se por, voltar ao mesmo lugar, sair com amigos, levar amigos para passear, ficar amiga do dono do restaurante, ir ao mercadinho da esquina. Brincar de ser local, sem deixar de ser turista. A-do-ro.
Em nossa viagem de férias a Portugal, no verão, fizemos tudo isso aí em cima. Turistamos e brincamos de ser locais, em uma única viagem e no post de hoje vou contar cinco alegrias e uma tristeza que vivemos durante os 45 dias que passamos por lá. Foram 45 dias intensos, emocionantes, inesquecíveis. O começo de uma história que ainda terá muitos capítulos.
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Vou começar pelas alegrias, claro! Já aviso que minhas alegrias são, quase sempre, relacionadas às pessoas que conheço pelo caminho. Pessoas que deixam alguma marca e acabam fazendo parte de nossa história, para sempre associadas ao local que visitamos.
Cinco Alegrias
A primeira alegria foi conhecer pessoalmente amigas queridas que, até então, só conhecia virtualmente. Eu sei, eu sei… vida moderna e coisa e tal, mas eu sou de uma geração que cresceu sem internet e por mais conectada e atualizada que eu seja ainda me causa certa estranheza uma amizade puramente virtual. Sou daquelas que precisa do beijo e do abraço, do olho no olho, do toque de mãos. Por conta disso, nunca perco a oportunidade de conhecer pessoalmente quem já considero amigo(a) virtual. Além disso, nossas amigas foram sensacionais, nos ajudando em várias ocasiões e consolidando nossa amizade. Estou morrendo de saudades da Ana e da Lídia, e não vejo a hora de nos encontrarmos de novo.
A segunda alegria foi um “causo” ocorrido na cidade do Porto, onde passamos o natal. Lá alugamos um apartamento lindo, na beira do Rio Douro e resolvemos que faríamos em casa nossa ceia natalina. Um dia antes no natal saímos para comprar os ingredientes, no mercadinho que havia próximo da Ribeira do Porto, em plena zona histórica da cidade. Já tínhamos passado em frente ao pequeno mercado e os tomates muito vermelhos expostos em caixotes de madeira haviam chamado minha atenção. Chegando lá, enquanto o marido e as meninas compravam Bacalhau, azeitonas e frutas secas eu fui escolher os legumes e acompanhamentos. Comecei a “colheita” quando se aproximou de mim um senhorzinho de uns 70 anos, menor que eu (eu tenho 1,60m!) e pergunta se eu quero legumes para a ceia. Respondo que sim, e o seguinte diálogo acontece, com forte sotaque carregado nos “sh” no lugar dos “esses”:
– Ó m’nina, vais fazer o quê?
– Bacalhau com batatas (Gomes de Sá, como chamamos no Brasil)
– Pois, essas batatas não são boas. Vem comigo. M’nina bonita precisa comprar legumes b’nitos. 🙂
Já tinha me ganhado no menina, chamando de bonita ainda… Virou as costas e entrou em uma porta minúscula, que dava para uma salinha abarrotada de sacos de linhaça. Cada um repleto de batatas, cebolas, tomates, pimentões e outras coisas do gênero. Disse ele, assim meio que cochichando:
– Acabaram de chegar (risadinha marota), pode escolher que estão fresquinhos!
Em seguida me mostrou algumas batatas, dizendo quais eram boas de fazer no forno e quais eram melhores de cozinhar no fogão. Também explicou sobre as cebolas e os tomates.
Escolhi os que eu queria e resolvi pedir uma indicação de vinho. Ele perguntou se eu preferia tinto ou branco, seco ou frutado. Depois que respondi, virou as costas e foi para a sala ao lado, repleta de vinhos do chão ao teto. Voltou de lá com uma garrafa nas mãos e eu, brasileira escaldada pensei na hora: ferrou, depois de tanta gentileza agora vai me tocar um vinho de 30 Euros e eu vou ficar sem jeito de dizer que não…
Foi então que peguei a garrafa e vi o preço na etiqueta: 1.68 Euros. Quase chorei, juro!
Abri meu melhor sorriso e pedi permissão para lhe dar um beijo. Perguntei se a patroa não ficaria com ciúmes. Ele deu de ombros e disse: “Que fique” e eu então tasquei duas beijocas estaladas no seu Antônio do mercadinho, desejando a ele o melhor natal de todos os tempos. Ele deu aquela risadinha marota novamente falando que se faltasse algo, ficariam abertos até as nove da noite. O natal do seu Antônio eu não sei, mas o meu foi lindo e em grande parte por conta dele…
Minha terceira alegria veio novamente de um “seu Antônio”, dessa vez em Lisboa. Procurávamos um lugar para almoçar e a tasca que nos recomendaram, no bairro da Graça, estava super lotada. Continuamos a caminhar e passamos em frente a uma pastelaria (como eles chamam confeitarias em Portugal). Parecia um ambiente agradável e o menu do dia tinha um ótimo preço. Resolvemos experimentar. Logo vem o seu Antônio, nos oferece uma mesa e explica as opções. Sugere o prato, inclusive das meninas e durante o almoço, para de vez em quando para saber se está tudo bem, se gostamos do tempero, se não precisamos de nada. Na hora do café, enquanto as meninas comiam a sobremesa, ele trouxe 2 “garotos”, o café com leite em xícara de cafezinho para as meninas, dizendo que era cortesia, para as meninas não ficarem sem. Um pequeno mimo que nos conquistou… junto com a simpatia do seu Antônio e de todos que trabalham no restaurante, sem exceção. Voltamos ali várias vezes, ouvimos histórias engraçadas, aprendemos receitas, provamos docinhos, sempre regados a uma simpatia sem par. A comida era muito boa, era barato, mas além do tratamento carinhoso conosco, o que me encantou mesmo foi ver as pessoas entrando no restaurante como quem entra na casa de amigos. Beijam o garçom, perguntam da família, se fulano ou beltrano estão por ali… um encanto de ver!
A quarta alegria veio do nosso senhorio, do apartamento que alugamos via Airbnb. O apartamento era bem localizado, próximo a vários mercados, pastelarias, cafés e muitas atrações turísticas, em pleno bairro da Graça. Acontece que nosso aluguel começava dia 01 de janeiro, mas chegamos a Portugal dia 16 de dezembro, duas semanas antes. Como já contei neste post aqui, assim que chegamos dormimos duas noites na capital para descansar e partimos para uma Road Trip pelo país. Nosso senhorio, muito gentil, ofereceu o depósito do apartamento para guardarmos alguma mala, que porventura não levaríamos na road trip. Nem pensamos duas vezes, aceitamos na hora! Deixamos uma mala grande em Lisboa e seguimos viagem com duas malas menores, que serviram muito bem durante 2 semanas.
A quinta alegria veio dos passeios que fizemos. Nós percebemos que o acesso a cultura e ao entretenimento é muito democrático e existem diversas formas de conseguir descontos ou gratuidade para quem quiser visitar um museu, local de interesse cultural ou exposições. Em Lisboa, alguns museus públicos e muitos museus privados são gratuitos aos domingos. Outros, somente no primeiro domingo do mês é assim. Para famílias há desconto nos ingressos e, em alguns casos como o zoológico de Lisboa, por exemplo, descobri que fazendo um cadastro no site da Olá (a Kibom de Portugal) você ganha uma carteirinha que dá gratuidade no ingresso das crianças. Fizemos e funcionou perfeitamente, uma beleza! Além disso, muitos passeios são gratuitos e existem várias maneiras de aproveitar os espaços públicos da cidade sem gastar nada.
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Uma Tristeza
Mas como nem tudo são flores, achei importante trazer um depoimento sobre algo muito chato que aconteceu em nosso penúltimo dia em Lisboa. Fui vítima de um golpe, um furto contra turistas destraídos. Até então tinham sido 43 dias perfeitos em todos os sentidos. Tudo dando super certo, até o tempo estava ajudando com dias ensolarados e amenos. Fomos encontrar amigos que estavam passando alguns dias de férias em Portugal e eu sugeri a Confeitaria Nacional, a mais antiga em funcionamento, em Lisboa.
Localizada na Baixa, na Praça da Figueira e não muito longe do nosso apartamento, achei que seria o lugar perfeito para um encontro de amigos. Passamos horas super agradáveis lá, provando doces, tomando café e batendo papo com nossos amigos quando, de repente, chega um rapaz jovem e muito magro pedindo dinheiro com um pequeno cartaz plastificado em mãos. Ele foi muito chato, ficou muito tempo ali, cutucava, incomodava mesmo. Quando foi embora todos ficamos aliviados. Pouco depois resolvemos sair dali para visitar a feira que tinha em frente à Praça e foi então que percebi que meu celular havia desaparecido de cima da mesa.
Eu havia caído no velho golpe do cartaz. Ai que ódio! Quatro adultos ao redor de uma mesa e o cara conseguiu pegar meu celular sem ninguém ver… fiz reclamação na gerência da confeitaria que me orientou a procurar a polícia, não muito longe dali. Fizemos a ocorrência, consegui bloquear meu aparelho e fiquei com aquela sensação de “bocó” por um bom tempo. A gente é brasileiro, acostumadíssimo com golpes e truques de todos os lados e isso foi acontecer justamente em Lisboa, um lugar onde eu estava me sentindo super segura e tranquila. Talvez este tenha sido meu maior erro. Eu baixei a guarda, relaxei completamente e isso não devemos fazer em lugar nenhum do mundo.
Por mais seguro que seja um local, sempre vão existir os oportunistas, batedores de carteira, pessoas que querem ganhar dinheiro rápido e fácil aplicando pequenos golpes, normalmente nos turistas desavisados. Essa foi a única tristeza que tive durante os 45 dias de viagem por Portugal. Saiu caro mas aprendi a lição. É preciso muito cuidado com seus pertences, onde quer que você vá. Não existe lugar perfeito. #ficaadica
Saiba quais são os golpes mais comuns à turistas na Europa:
Evite os golpes sabendo antes. Nós ajudamos com esse vídeo, publicado no canal do jornal Daily Mail. O que aconteceu comigo foi muito semelhante ao número 6, com a diferença que eu não estava sozinha… #ficaadica
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Olá, Claudia.
Me identifiquei com o teu estilo de viagem, pois depois que a minha filha nasceu, optei em virar “local” por onde passamos, é muito bom saber os melhores caminhos e ter os lugares favoritos.
Uma pena o golpe, infelizmente é necessário ficar sempre ligado ou com tudo guardado. Mas não deixe isso estragar as lembranças de uma viagem tão bonita.
Abraços
Andrea
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Muito lindo, fiquei doida pra conhecer tuas amigas, os Antônios e tudo mais
Claudine, venha! Te apresento todos! 🙂
Clau
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