Na sequência da nossa Roadtrip de Final de Ano, em 2023, visitamos Valência na Espanha e, no post de hoje, eu conto como foi. Aqui você vai encontrar dicas do que visitar, onde dormir, onde comer e também saber um pouco mais sobre a história e curiosidades sobre a cidade. Saímos de Córdoba no dia 27 de dezembro, cruzando a região de Castilla-La Mancha e percorrendo cerca de 500km. Paramos para almoçar no caminho, no Parador de Manzanares. Fazia muito frio na estrada e chegamos a pegar zero grau! Mas foi só chegar no nosso destino para começar a perceber que Valência, a cidade surpreendente na costa leste espanhola tem muito a oferecer, inclusive temperaturas mais amenas e uma vista maravilhosa da janela do nosso apartamento. Mais detalhes e review do apartamento, mais abaixo no post.
Leia aqui sobre nossa visita à linda Córdoba, na Andaluzia.
Valência a cidade surpreendente na costa leste espanhola
Onde fica Valência?
Valência fica na costa do Mediterrâneo, no leste do país, a 360km de Madri e 350km de Barcelona. É uma cidade muito antiga, fundada em 138 a.C. É a terceira maior cidade na Espanha, em população, só perdendo para Madri e Barcelona.
Um pouco da história de Valência
Foi fundada em 138 a.C., sob o nome de Valentia Edetanorum, pelos romanos. No séc IV d.C apareceram as primeiras comunidades Cristãs e, no séc. V sofreu invasão Germânica (Visigodos). Foi conquistada pelos árabes no séc. VIII e ficou assim até o séc. XIII, quando alcançou grande desenvolvimento como Balansiya (nome de Valência em árabe). em 1238 o rei da Coroa de Aragão, Jaime I, conquistou a cidade com a ajuda de tropas da Ordem de Calatrava. O séc. XV ficou conhecido como o século de ouro de Valência, devido ao crescimento demográfico que colocou a cidade como a mais povoada na Coroa de Aragão.
Mais recentemente, depois de um período conturbado de guerras (mundial e civil espanhola), a Valência democrática se modernizou através de obras emblemáticas, tais como o ajardinamento do antigo percurso do Rio Túria, o Palau da Música e a Ciutat de les Arts i de les Ciències (Cidade das Artes e das Ciências), do renomado arquiteto Santiago Calatrava (natural de Valência, aliás) – Hoje em dia conjuga o antigo com o moderno e é uma cidade vibrante com muitas atrações para todas as idades.
A língua Valenciana
O Valenciano, ou Língua Valenciana (valencià ou llengua valenciana) é uma língua utilizada na Comunidade Valenciana sendo considerada uma segunda língua própria. É uma variante do Catalão e podemos encontrar várias placas na cidade com esta língua. Em 1707, o rei Filipe V da Espanha aboliu o Reino de Valência e o incluiu no Reino de Castela. Isso resultou na abolição das instituições valencianas e o uso da língua valenciana foi proibido para fins oficiais e na educação. Não foi até o estabelecimento da Segunda República Espanhola em 1936 que o autogoverno valenciano parecia vislumbrar uma perspectiva novamente, mas essa esperança foi extinta com a eclosão da Guerra Civil Espanhola. A língua valenciana foi novamente reprimida durante a ditadura de Franco em favor do espanhol (castelhano), mas o fim de seu governo em 1977 viu a criação do Conselho parcialmente autônomo do País Valenciano antes que a região se tornasse uma comunidade autônoma em 1982, com a língua valenciana novamente restabelecida.
O que ver em Valência
Nosso plano era dormir 3 noites em Valência, então dividi o roteiro de visitação em duas partes: O centro histórico e a parte moderna, a Ciudad de las Artes y las Ciências. Deu muito certo. Se fosse verão eu teria incluído mais dias e alguns passeios bate-volta para desfrutar das praias. De qualquer forma vou deixar as sugestões dos lugares que visitamos e, também, dos que (ainda) não fomos mas que eu gostaria de ir.
Roteiro Centro Histórico
Como chegar
O Centro histórico de Valência é pequeno e muito fácil de percorrer. A cidade toda é bem plana e o uso de bicicletas é bastante comum. Como estávamos de carro, estacionamos bem na Plaza de la Reina, um estacionamento moderno, amplo e muito bom. Coloque no GPS Aparcament de la Plaça de la Reina para chegar lá e você pode ver as tarifas aqui. Veja que, no nosso caso, saiu mais barato ir de carro do que de uber, desde o nosso apartamento. A outra opção seria ir de elétrico, que passava ao lado do nosso apartamento e é interligado ao metrô da cidade. Para informações sobre as linhas e tarifas, clique aqui.
O que visitar
Nosso roteiro (de aproximadamente 6 horas, contando visitas, almoço e café) foi o seguinte:
1. Catedral de Valência: de estilo gótico, construída no século XIII. É a sede da arquidiocese de Valência, e é um dos edifícios religiosos mais importantes da Espanha. A catedral abriga um importante tesouro artístico, incluindo obras de arte de artistas como El Greco e Goya e também o (alegadamente) cálice sagrado (Santo Graal). O cálice encontra-se em um nicho na capela do Santo Cálice, na antiga sala capitular e todos podem visitar pagando o ingresso de 9€ por pessoa, a partir das 10:30h da manhã. Anexo à Catedral fica o famoso Micalet (ou Miguelete) de onde é possível admirar a vista panorâmica de Valência, caso tope subir os 207 degraus (por 2€). Sua construção data do ano 1381 e, como curiosidade, a cidade tem uma lenda relacionada à torre: A lenda do burro do Miguelete! Conta a lenda que em 1459, apareceu um burro no topo da torre sineira, sem que ninguém entendesse como o pobre bicho chegou lá. O ato foi considerado diabólico, até descobrirem que foi obra de alguns malandros encapetados mesmo…
2. Plaça de la Reina: a praça central de Valência tem arquitetura diferente das tradicionais Gran Plazas de Espanha e mais parece com as praças que estamos acostumados. O canteiro central é para pedestres e é rodeada de lojas, restaurantes e cafés. Como fomos no final do ano, havia enfeites natalinos e um mercadinho de natal. A destacar, a Chocolateria Valor e o Café Bertal para chocolate quente, churros e outras guloseimas!
3. Plaça de La Verge (Plaza de la Virgen): Contornando a Catedral, chega-se à Plaça de La Verge, uma praça menor, bem bonitinha com uma atração imperdível: a Basílica de Nossa Senhora dos Desamparados, a padroeira de Valência. A Basílica é pequena, mas tem três grandes atrações: a belíssima pintura na cúpula, o Museu Mariano e a história da Virgem dos Desamparados. “Diz-se que, no início do século XV, um padre da cidade, o padre Jofré, andava por uma rua, quando encontrou uns jovens praticando atos violentos contra um deficiente mental. O padre interrompeu o que os jovens faziam. Triste com o preconceito que o povo tinha daqueles com algum tipo de deficiência, pensou em fundar uma instituição para apoiá-los. Auxiliado por algumas pessoas, construiu um abrigo com uma capela, a qual dedicou a Nossa Senhora, sob o título de Nossa Senhora dos Desamparados. Tempos depois, em 1414, o padre Jofré percebeu que eles precisavam de uma imagem para enfeitar o altar da capela, e isto estava em falta. Porém, três jovens peregrinos que passavam pela cidade haviam batido à porta de um confrade, peregrinos esses que disseram ser escultores e poderiam esculpir uma imagem de Nossa Senhora para a instituição. Abrigou-os num lugar isolado de maneira que ninguém os visitasse durante três dias. E, nesses três dias, a imagem ficou pronta. Quatro dias depois, conforme combinado, o padre Jofré foi ao lugar aonde os jovens peregrinos haviam ficado esculpindo a imagem da Virgem dos Desamparados. Porém, não havia ninguém lá, somente uma linda imagem de Nossa Senhora segurando o menino Jesus. Os jovens peregrinos, que haviam desaparecido misteriosamente, passaram a ser considerados anjos. A imagem tem uma curvatura nas costas. Apesar da curvatura peculiar de sua imagem para frente dá a sensação de que a Virgem olha para as pessoas que se prostram aos seus pés. A esposa do confrade anfitrião, uma mulher cega e paralítica, foi a primeira a ver a imagem e, repentinamente, curou-se e passou a ver e andar. A notícia do milagre se espalhou pela cidade e logo muitos deficientes foram ao local, também estes conseguindo cura, por intermédio de Nossa Senhora dos Desamparados. Dois séculos depois, em 1667, a imagem foi transferida para uma igreja construída em sua honra e até hoje existe a confraria de Nossa Senhora dos Desamparados, instituição de apoio aos pobres, doentes e necessitados.”
Na praça você também encontra a Fuente del Túria e o pequeno Jardin de la Generalitat, que fica atrás do Palácio de la Generalitat (edifício de estilo gótico tardio construído em 1421 como sede da Generalitat Valenciana, órgão encarregado de representar o reino de Valência junto às Cortes.)
4. Torres del Serrans: Uma das portas da muralha antiga de Valência, pertencente à Baixa Idade Média. No século XVI foi convertida em prisão de nobres e cavaleiros, mantendo seu uso até 1887. Durante a guerra civil espanhola, existia o risco de o Museu do Prado, em Madri, ser bombardeado, por isso muitas obras foram transferidas para outros lugares na Espanha, inclusive, As Meninas de Velázquez, que veio para a Torre del Serrans, em Valência. Localizada na Plaza de los Fueros, pode-se visitar para uma bonita vista da cidade, de segunda a sábado das 10h às 19h e aos domingos e feriados das 10h às 14h, fechando apenas dia 1 e 6 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. A entrada custa 2€, mas aos domingos e feriados é gratuita.
5. Contigo Soy: Esse achado, meio sem querer, foi um lugar que nos encantou e merece ser partilhado aqui. Trata-se de um espaço criativo e loja onde podemos compartilhar experiências artísticas multissensoriais para todas as idades! Oferecem “pacotes” de experiências, do tipo “Vinho e Pintura” ou “Chocolate e Pintura”, a partir de 15€. A loja é uma graça, tem um espaço super instagramável e as atendentes são uma simpatia. Vale a pena conhecer! Mais informações e reservas, aqui.
6. Plaça del Carme (em valenciano): marca o início do “Barrio del Carmen“, o bairro mais popular e boêmio do centro histórico e que, junto com Russafa e El Cabanyal, foram eleitos como bairros mais cool da Europa, pelo The Guardian. A Plaza del Carmen fica no coração desta área e tem esse nome por causa do antigo convento carmelita e hoje Escola de Belas Artes que fica na praça. A praça retangular também é adornada com outro importante marco arquitetônico, o Palácio do Intendente Pineda. Seguindo a mesma rua, chegaremos até uma das atrações mais aguardadas pelas adolescentes do grupo!
7. La Casa dels Gats: Uma pequena casa em miniatura que foi construída em memória de quatro gatos no ano de 2003, tem uma inscrição em azulejos que diz “A la memoria dels cuatre gats que quedaren al Barri del Carme l’any MXCIV. Mai se les va a sentir un mia mes alt que altre”. Esta casinha tem uma porta com três degraus e uma fonte à esquerda. É constituída por dois pisos, o primeiro com grandes janelas com varanda e no segundo pequenas janelas com o desenho de uma pessoa entre os vidros. A sua autoria corresponde ao artesão e escultor Alfonso Yuste Navarro, que em 2003 esculpiu a fachada da casa, no entanto, sabe-se que os felinos já ocupavam o local adjacente à obra do escultor desde o ano de 1094. Claro que as meninas amaram!
8. Barrio del Carmen: Conhecido como bairro boêmio, repleto de bares, restaurantes, lojinhas e street art, também tem um charmosinho mercado gourmet, o Mercado de Mossen Sorell. Em 1878, o palácio Mossen Sorell, onde hoje está localizado o mercado, foi incendiado. O proprietário do terreno cedeu-o para ser utilizado como mercado municipal em troca do nome de Mossén Sorell, acredita-se que em memória de Bernat Martí Sorell, tintureiro, cidadão valenciano, Señor de Geldo. O iniciador da linhagem Sorell em Valência. Abre de segunda a sábado das 7h30 às 15h00 e às quintas-feiras à tarde das 17h00 às 20h00, embora nos meses de julho, agosto e setembro feche às 3h00. Entre as bancas de venda mais destacadas estão lojas de frutas e legumes, lojas de frutos secos, venda de produtos de charcutaria selecionados, uma peixaria, um talho, uma loja multiprodutos, uma loja de vinhos, uma loja de ostras e anchovas, lojas de charcutaria e um bar de vinhos. Outra atração do bairro é o Portal de la Valldigna, antiga entrada do bairro mouro, onde viveram todos os muçulmanos depois que Jaime I retomou a cidade. No entanto, a nossa maior expectativa ao visitar o bairro, era mesmo a Iglesia de San Nicolás de Bari y San Pedro Mártir de Valencia, conhecida como a Capela Sistina de Valência, e ela vale um item exclusivo.
9. Iglesia de San Nicolás de Bari y San Pedro Mártir de Valencia: Erguida como igreja paroquial por volta de 1242, foi remodelada por iniciativa da família Borja em estilo gótico entre 1419 e 1455, com a abóbada de estilo gótico na nave central. Entre 1690 e 1693, o interior foi redecorado ao estilo barroco e afrescos mostrando cenas da vida de San Nicolás de Bari (São Nicolau) e San Pedro Mártir (São Pedro Mártir), desenhados por Antonio Palomino e pintados por Dionis Vidal. A visita é paga (10€, crianças até 12 anos não pagam) e acompanha um áudio guia, em várias línguas. Vale a pena visitar e também passear no pátio atrás da igreja, que é bem bonitinho.
10. Torres de Quart: Construídas por Pere Bonfill, que se inspirou nas torres Castell Nuovo de Nápoles, as Torres Quart representam um bom exemplo de construções militares do gótico tardio. Foram concebidas como portas de defesa da cidade e até 1874 eram conhecidas como Torres de la Cal (Torres de Calcário), uma vez que o calcário que entrava na cidade tinha que passar por estas portas. A parte de trás das torres foi aberta para permitir a visão do interior. Serviu como prisão feminina por algum tempo. As Torres de Quart desempenharam um papel vital na detenção das tropas de Napoleão em 1808, durante a guerra da Independência contra os franceses. As cicatrizes deixadas nas torres pelas balas de canhão ainda podem ser vistas hoje em dia.
11. Lonja de la Seda: A Lonja (Bolsa ou Mercado de Seda) é um edifício emblemático da cidade e um dos monumentos góticos civis mais famosos da Europa. Foi declarado Monumento Histórico e Artístico Nacional em julho de 1931 e declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em dezembro de 1996. A Lonja está localizada no centro da cidade – em frente ao Mercado Central e ao Templo de Santos Juanes – e ocupa uma área retangular de 1.990 metros quadrados. Construída entre 1482 e 1533, foi usada originalmente no comércio de seda e sempre foi um centro comercial. É uma obra que evidencia o poder e riqueza da cidade de Valência nos séculos XV e XVI. Neste edifício também instalou-se a Taula de Canvis, um banco que começou a funcionar em Valência no ano de 1408 e é considerado o 1º banco do mundo. Quando visitar, não deixe de prestar atenção nas gárgulas do edifício, bastante pitorescas, representam os vícios e as virtudes dos homens.
12. Mercado central: O Mercado Central de Valência é um dos maiores da Europa, com uma área de mais de 8.000 metros quadrados, em estilo Art Nouveau. A sua bela cobertura é composta por cúpulas originais e painéis coloridos das janelas. A maioria dos vendedores vende alimentos, embora lojas de souvenirs e alguns poucos restaurantes também estejam localizados dentro do mercado. É um lugar bonito de visitar, mas estava muito cheio quando fomos, então preferimos almoçar ali perto.
13. Plaça Redona: O antigo mercado de peixe, tornou-se uma atração e um local ideal para passear e fazer compras de souvenirs. Recentemente reformada, sua arquitetura peculiar atrai o olhar dos curiosos e, como o próprio nome indica, trata-se de uma praça circular. Ladeadas por casas curvas de três andares, hoje as barracas vendem roupas, souvenirs e artesanato.
Algumas curiosidades de Valência
– La Rat Penat (o rato que voa, ou morcego) é o símbolo da cidade. Conta a lenda que o Rei Jaume I, que conquistou Valência aos mouros em 1238, dormia quando um morcego o acordou. O morcego acabou alertando o Rei sobre uma incursão moura, dando tempo para as tropas reagirem. O Rei acabou homenageando o bicho colocando La Rat Penat no brasão real.
– Capital de Espanha? Durante a guerra civil espanhola em 1936, Valência foi nomeada capital da Espanha por um breve período. O título durou 11 meses, por que o governo republicano se refugiou na cidade onde reunia-se na Lonja de la Seda.
– A Virgem do Bom Parto. Reza a tradição que mulheres grávidas devem caminhar 9 vezes dentro do perímetro da Catedral de Valência e pedir um parto abençoado. O costume é tão popular que é praticado tanto por ateus quanto por católicos.
– O papagaio do mercado (la cotorra del mercat) é um catavento em forma de pássaro localizado no mercado central e o Pardal de San Joan é o catavento que fica sob o topo da igreja de Santos Juanes. Reza a lenda que os dois, quando estavam cara a cara conversavam sobre os boatos que circulavam na cidade e que observavam lá de cima. Fofoqueiros!
– Rio sem Água: Valência tem um rio sem água, o rio Túria. Por conta de enchentes no passado, o rio foi desviado e seu leito transformado em parque urbano, o Parque do Turia. Por isso existem tantas pontes atravessando o parque.
Assim fechamos nossa visita ao centro histórico de Valência, e nosso roteiro (total 3,5 km) pode ser visualizado abaixo. Como mencionei acima, ficamos cerca de 6 horas, contando os passeios, visitas, almoço, café e lanche.
Onde Comer no centro histórico de Valença:
Para almoçar, nós estávamos bem perto do Mercado Central e depois de procurar algumas opções, encontramos, por acaso este restaurante que foi uma surpesa incrível:
Vaqueta Gastro Mercat – C. de Sant Ferran, 22, Ciutat Vella.
Da rua, parece mais uma pequena mercearia, mas quando entramos, é outra vibe. O restaurante é lindo, super bem atendido e a comida é deliciosa e os preços muito justos (a melhor Paella que comemos na viagem. Ao todo gastamos 179,90€ para 8 pessoas). Pela atmosfera, a noite deve ser ótimo também, e os preços foram excelentes. Enfim, recomendo muito. Nós tivemos sorte em encontrar lugar, mas pelo visto é bastante concorrido e convém reservar.
Sobre a Paella Valenciana
A primeira receita de Paella documentada aparece em um manuscrito do século XVIII: ‘Avisos, i instruccions per lo principiant cuyner’ de Josep Orri, com origem no Marjal de La Albufera, Valência. Paella, em Valenciano, é o nome da panela (que depois mudou para Paellera) que se usa para cozinhar o prato, do latim patella. É uma frigideira rasa e bem larga com uma alça de cada lado e com o fundo quase plano. Tipicamente comia-se direto da panela. A história da paella valenciana, no entanto, remonta ao século XV, quando os arrozais começaram a se desenvolver na região de Valência. Na época, os agricultores da região costumavam cozinhar arroz com as sobras de carne e legumes que tinham em casa. Com o tempo, a receita foi se aperfeiçoando, e a paella valenciana se tornou um prato sofisticado e apreciado por pessoas de todo o mundo. Os ingredientes originais da paella valenciana são: Arroz, Frango, Coelho, Pimentão, Vagem, Feijão branco, Tomate, Alho, Cebola, Ervilhas, Sal, Azeite. E, não, a Paella original não leva frutos do mar!
Algumas curiosidades sobre a paella valenciana:
- – É um prato protegido por lei na Espanha. Apenas os restaurantes que cumprem os critérios estabelecidos pelo governo espanhol podem usar o nome “paella valenciana”.
- – A paella valenciana é um prato versátil. Existem muitas variações da receita original, com diferentes ingredientes e métodos de preparo.
- – É um prato social. É comum preparar paella em grandes quantidades, para compartilhar com a família e amigos.
A sobremesa foi chocolate quente e churros, na Plaza de la Reina. Saímos do centro histórico por volta das 17h, fomos para o apartamento descansar e , a noite, jantamos em uma pizzaria bem gostosa perto do apartamento onde ficaram nossos amigos.
Sobre os Churros
A origem dos churros com chocolate é incerta. Algumas teorias sugerem que os churros foram inventados pelos portugueses, que os trouxeram da China no século XVI. Outras teorias sugerem que os churros foram inventados pelos árabes, que os introduziram na Espanha durante a ocupação islâmica. Seja lá qual for a verdade, a primeira receita registrada de churros data do século XVI. A receita era simples, e consistia em farinha, água e sal. Os churros eram fritos em óleo quente, e servidos com mel ou açúcar. No século XVIII, o chocolate começou a se tornar mais popular na Espanha. Os churros com chocolate começaram a ser servidos juntos, e rapidamente se tornaram um dos pratos mais populares do país.
Os ingredientes originais dos churros com chocolate são: Farinha, Água, Sal, Chocolate quente cremoso e espesso (quase uma ganache) e pouco doce.
Mistura-se a farinha, água e sal. A massa é então frita em óleo quente, até ficar dourada. Os churros podem ser servidos simples ou recheados com chocolate, doce de leite ou outras coberturas.
Sobre a pizzaria
Chama Anapule e fica em um bairro residencial de Valência. Forno à lenha e pizzas generosas, com uma pequena esplanada (com aquecimento) e área interior típica de cantina. Ambiente bastante descontraído e preços ótimos.
No segundo dia de passeios em Valência, visitamos a área moderna da cidade, bem perto do nosso apartamento. Começamos o dia no Oceanographic, parte da Ciutat de les Arts i les Ciències (Cidade das artes e das ciências). Para ir até lá, estacionamos o carro bem perto, em um parque público gratuito, mas há estacionamento (pago) na rua e estacionamento (pago) coberto na entrada do complexo. Também tem a opção do elétrico, que para bem em frente.
Ciutat de les Arts i les Ciències (Ciudad de las Artes y las Ciencias)
O que é?
Trata-se de um complexo arquitetônico, cultural e de entretenimento, projetado por Santiago Calatrava e Félix Candela, que iniciaram a construção em Julho de 1996 e que foi inaugurado em 16 de Abril de 1998 e, em 2007 foi eleita um dos 12 Tesouros da Espanha.
Fazem parte do Complexo os seguintes edifícios:
- – L’Hemisfèric – Imax Cinema, Planetário e Laserium.
- – El Museu de les Ciències Príncipe Felipe – Museu interativo de ciências.
- – L’Umbracle – trilha de caminhada com plantas selvagens, conta também com uma galeria de arte com esculturas de artistas contemporâneos.
- – L’Oceanogràfic – o maior aquário oceanográfico da Europa.
- – El Palau de les Arts Reina Sofía – casa de ópera e apresentações de artes.
- – El Puente de l’Assut de l’Or – ponte que liga o lado sul com a rua Menorca, cujo pilar de 125 metros de altura é o ponto mais alto da cidade.
- – El Agora/CaixaForum – Inaugurado em 2009 para o ATP World Tour 500. Abriga exposições, tem uma cafeteria, um restaurante e uma lojinha incrível.
Santiago Pevsner Calatrava Valls nasceu em Valência, a 28 de julho de 1951 e é o mesmo arquiteto (e eng. civil) que projetou o Museu do Amanhã no RJ e a Estação Oriente, em Lisboa, entre outros tantos projetos grandiosos ao redor do mundo.
Como tínhamos pouco tempo, optamos por conhecer o complexo sem entrar nos museus. Lá nos disseram que a visita ao Oceanographic somente tem estimativa de 3h! O único prédio que entramos foi o Agora, cuja entrada é gratuita e abrigava uma exposição sobre o antigo egito, uma cafeteria, um restaurante e uma lojinha sensacional. Abaixo, um pouco do que vimos!
1. L’Oceanogràphic:
É um autêntico parque marinho que abrange os principais mares e oceanos do planeta. Com mais de 110.000m2 e 42 milhões de litros de água (o que equivale a 15 piscinas olímpicas) é o maior oceanário da Europa. Durante a visita e ao longo do percurso pode-se conhecer o comportamento e estilo de vida de mais de 45.000 exemplares de 500 espécies diferentes. Alguns dos mais interessantes são tubarões, baleias beluga, morsas, golfinhos, leões marinhos, pinguins, estrelas, ouriços, uma variedade de mariscos e peixes, bem como aves típicas das zonas úmidas, como as que vivem na Albufera de Valência. Não é somente um aquário, como o de Lisboa, por exemplo. É todo um parque com várias atrações.
2. El Ágora/Caixa Forum:
Espaço de exposições, concertos, espetáculos e atividades. Foi o último prédio a ser inaugurado e, segundo o arquiteto, simboliza duas mãos entrelaçadas. Para mim, parece a cabeça de uma baleia (!) ao sair da água. Quando visitamos havia uma exposição sobre múmias do egito, gratuita para menores de 18 anos. As meninas quiseram ver, então ficamos bastante tempo ali, visitamos a lojinha, tomamos café…
3. El Puente de l’Assut de l’Or
É uma ponte estaiada branca de um único pilar (com 125 metros de altura, é o ponto mais alto da cidade. Projetada pelo arquiteto e engenheiro civil valenciano Santiago Calatrava e concluída em dezembro de 2008.
4. L’Hemisfèric
É um Cinema Imax, Planetário e Laserium, cujo prédio faz lembrar o olho humano.
5. El Museu de les Ciències Príncipe Felipe
Museu interativo de ciências, com exposições variadas e divertidas, aulas e workshops.
6. L’Umbracle
É um jardim de esculturas e um passeio paisagístico com espécies de plantas indígenas. No seu interior, o Passeio das Esculturas, é uma galeria de arte ao ar livre com esculturas de artistas contemporâneos (Miquel de Navarra, Francesc Abbot, Yoko Ono e outros).
7. El Palau de les Arts Reina Sofía
É uma casa de ópera e centro cultural.
Alguns dos prédios tem bares e restaurantes, o do Palau de les Arts, foi o meu favorito (mas tem preços mais salgados):
Terminamos nossa visita no Shopping em frente ao Complexo, onde almoçamos, visitamos lojinhas, tomamos café até a tardinha. Depois, o jantar foi tapas e vinho, no nosso apartamento!
Shopping Aqua
Do outro lado da Ponte ficam o El Corte Inglés e o Shopping Aqua (cujo edifício também tem um hotel muito bom) e foi onde escolhemos almoçar depois do passeio. Além de, é claro, aproveitar e deixar as meninas se divertirem com as lojinhas. Almoçamos no La Tagliatella, um restaurante de comida italiana bem gostoso e bem atendido no 2º andar do Shopping.
Depois das comprinhas, já muito cansados, voltamos ao apartamento, onde mais tarde fizemos um jantar de tapas, queijos e vinhos com nossos amigos queridos. No outro dia seguimos viagem para o nosso próxio destino, Madri, onde passamos o Reveillon!
Valência, onde se hospedar
Nós optamos por ficar em um apartamento que encontrei no Booking.com, com boa pontuação e bom custo x benefício. A nota no Booking é 7,9. Normalmente eu escolho acima de 8,5, mas depois de ler todos os reviews eu resolvi arriscar. Preciso dizer que a nota corresponde e vou mostrar o por quê:
– Coisas que gostei:
O apartamento tem bom preço, 3 quartos, 2 banheiros, cozinha completa com máquina de lavar louça e de lavar roupa, com os acessórios e detergentes próprios, o que é muito bom. A garagem incluída no preço é uma mais valia. A localização é ótima para quem está de carro (5 mins da Cidade das Artes) e, sem carro, tem o elétrico ao lado. Era inverno então a climatização do apartamento, com ar condicionado central, foi fundamental e funcionou lindamente.
– O que não gostei:
O apartamento necessita de manutenção urgentmente. O chuveiro é bom, mas não prende direito na parede. Só conseguimos tomar banho segurando a ducha ou então usando pouca pressão de água. O box do banheiro não é total (aliás, é comum na Europa), fazendo com que molhe o chão do banheiro a cada banho. A limpeza não era das melhores, assim como os colchões.
Conclusão: Foram somente 3 noites e diante do preço pago, achei que valeu a pena. Principalmente por conta dos 3 quartos. As meninas aqui reclamam bastante quando tem que dividir o sofá cama, o que é bem comum quando procuramos or quartos familiares em aptos ou hotéis.
Outras opções de hospedagem em Valência
Algumas recomendações de amigas que visitaram a cidade:
Passeios bate-volta desde Valência, caso tenha mais tempo:
- 1. Sagunto: A menos de 30 quilômetros de Valência, além dass praias, existem três monumentos que tornam este lugar especial: o castelo: uma fortaleza de dois mil anos cercada por muros de diferentes culturas.O Circo Romano, cuja capacidade já chegou a 20.000 espectadores. E o Teatro romano.
- 2. Xátiva: a 60 quilômetros ao sul de Valência, uma cidade murada cercada pela natureza. Tem um castelo que mistura a arquitetura gótica com a islâmica e monumentos como a Colegiada de Santa María, além de uma rota de caminhada até a Cova Negra, local onde foram encontrados vestígios de neandertais e pinturas de época.
- 3. Xábia/Jávea: As mais belas enseadas do Mediterrâneo, com águas cristalinas e calmas e rodeadas de vegetação. Entre as melhores estão as pequenas praias de Granadella, Cala Barraca ou Portitxol e Blanca.
- 4. Albufera: a 10 km de Valência, envolta em um Parque Natural, nada mais édo que o local onde foi inventada a Paella. Tem o maior lago de Espanha, dunas, bosques e restaurantes.
Assim termina nossas sugestões para essa cidade maravilhosa chamada Valência. Se gostou, compartilhe com os amigos e amigas e deixe nos comentários outras sugestões.
Até o próximo!
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Eu amei Valência, estive no final de Abril/23 e o clima estava ótimo, ficamos 3 noites e queria ter ficado mais.
Eu quero muito voltar!
Oi, Cláudia. Gostei mto do teu post, queria ver se me ajuda a resolver um dilema. Vamos a Madri no final de março, ficaremos 16 dias, e a ideia é visitar a Andalusia e cidades próximas a Madri (Toledo, Segovia etc.). Eu queria mto ir a Valência, problema que só poderia ficar 3 noites/2 dias e seria um pouquinho complicado incluir no roteiro, pois só tem conexao de trem com Cordoba, complicado mas possivel. Tu acha que Valência é imperdivel? Pq tenho receio de não ter outra oportunidade de visitar, por outro lado tb não sei o quanto valeria a pena alterar o roteiro só pra encaixar Valencia hehe. Obrigado, Vicente
Oi Vicente, tudo bem? Olha, Valência é uma experiência bem diferente , como você deve ter visto no Post. É a chance de visitar lugares únicos na Espanha, como a cidade das artes e o oceanário. 2 dias inteiros dá pra ver muita coisa mesmo, pois o centro histórico é pequeno. Quanto a ser imperdível, bom, daí depende de cada um 😉
Beijo e ótima viagem!