As Passeadeiras

Adaptação da família em Portugal

adaptação da família em portugal

Adaptação da família em Portugal

 

Depois de 9 meses morando aqui posso dizer que já passamos a primeira fase da adaptação da família em Portugal. Parece um bom período para ter uma opinião formada sobre o tsunami que é mudar para outro país, de mala e cuia (como dizemos no sul do Brasil), com marido e duas filhas. No post de hoje vou compartilhar minhas percepções, dificuldades e alegrias nesta grande aventura que resolvemos empreender em família.

Antes de começar, uma pequena introdução, para quem chegou aqui no blog agora. Em março de 2016 nós começamos a planejar uma viagem de férias para Portugal no final do ano. Uma simples viagem de férias acabou se tornando uma mudança de vida, depois que aprendemos que Portugal dá visto de residência para estrangeiros. Existem alguns tipos de vistos e nós nos encaixávamos em um deles, o visto D7. 

Leia aqui como obtivemos o visto D7 para residir em Portugal

SEF – Autorização de Residência e a novela do visto

 

Entre solicitar (e obter) o visto, planejar a viagem de férias, planejar a mudança, escolher escola, moradia e organizar a parte prática e burocrática da mudança, foram 6 intensos meses, de muito trabalho e dedicação. Importante mencionar que fizemos tudo sozinhos, sem ajuda de nenhuma consultoria. Isso prova que é possível sim, mas devo dizer que também é bastante extenuante. Foram meses de dedicação, pesquisa intensa, telefonemas, estudo e reunião de documentação. Praticamente só fizemos isso.

 

Leia aqui o checklist que fizemos antes de nossa mudança

4 Dicas práticas para quem pensa em vir morar em Portugal

 

Miradouro no bairro da Graça em Lisboa

 

Antes da mudança

Mantivemos nossas férias e acrescentamos aos roteiros de passeios, visitas à escola e aos bairros e cidades que achamos interessantes, em uma tarefa de prospectar onde realmente iríamos morar. Visitamos o país de norte a sul, literalmente, durante os 15 primeiros dias e nos outros 30 nos fixamos em Lisboa, no bairro da Graça, onde alugamos um simpático apartamento de temporada.

Passeios de norte a sul em Portugal

 

Em Lisboa, ainda durante as férias, adiantamos algumas das documentações que sabíamos necessárias, tal como o NIF (o CPF português), abrimos uma conta no banco e testamos a primeira transferência de dinheiro entre Brasil e Portugal. Também decidimos que iríamos morar em Cascais, escolhemos uma escola, depois de visitá-la e já fizemos a matrícula das meninas. Depois de tudo isso resolvido, turistamos muito e nos apaixonamos de vez.

Como transferir dinheiro do Brasil para Portugal – Nossa experiência com o TransferWise

Como abrir conta bancária em Portugal – Nossa experiência com o Activo Bank

Já contei aqui no blog que alugamos apartamento de temporada para os primeiros meses depois da mudança. Isso foi de grande valia pois ainda não tínhamos certeza dos bairros e de como as coisas funcionam para alugar uma morada. Mais tarde alugamos um apartamento mais permanente, via imobiliária, e por conta do Airbnb pudemos procurar (e mobiliar) com toda calma e tranquilidade.

Como alugar um apartamento pelo Airbnb – Dicas testadas e aprovadas por nós

Dicas para alugar apartamento em Cascais

Dicas para mobiliar sua casa em Portugal

 

Passeio em Cascais

O primeiro mês

 

Malas prontas, aeroporto, avião. Chegamos em Lisboa e fomos direto da locadora de automóveis para o apartamento de temporada em Cascais. Os primeiros dias foram de chuviscos e arrumação. A vida meio conturbada e as meninas entre entediadas e choraminguentas por conta da saudade e da mudança. Nosso maior desafio foi estabelecer alguma rotina, visto que as aulas em Portugal só começam em setembro, e ainda era março. Para resolver a questão conversamos com a escola e acertamos um período de adaptação, 2 vezes por semana, mais atividades extra-classes (patinação, natação e equitação). Foi uma beleza. Posso dizer, e recomendar, que um período assim funciona muito além das aulas em si. Para que fosse bem completa, decidimos que nas 2 vezes por semana as meninas também almoçariam na escola. Tudo lindo, não fosse o fato de que isso tudo só aconteceria um mês depois que chegamos. O motivo era que chegamos poucos dias antes de começarem as férias de páscoa, coisa que nem sabíamos que existia por aqui. Resumindo a ópera, ficamos com as meninas quase um mês em casa, sem escola. Nosso maior desafio durante este período foi o de estabelecer alguma rotina, além de nos acostumarmos, todos nós, a viver sem ajuda alguma. Sendo brasileiros, classe média, nós morávamos em uma casa grande e tínhamos muita ajuda. Uma pessoa que trabalhava em casa, cozinhava e arrumava a casa, todos os dias, para começar. Aqui em Portugal seríamos somente nós. As meninas foram as que sofreram o maior baque, inicialmente, mas confesso que mesmo sabendo que isso aconteceria, foi um desafio bem grande para mim também. Aqui, pela primeira vez na vida, eu exerceria o papel de dona de casa em tempo integral. 

 

A escola

 

Entre faxinas e cardápios, sobrava algum tempo para os passeios, nossa especialidade. Não perdemos tempo! Tratei de arranjar tantos passeios e atividades (gratuitas de preferência) eu consegui descobrir (e são muitos), e tão logo o sol da primavera começou a brilhar, nós tratamos de sair para a rua e aproveitar o tempo livre da maneira que mais gostamos. E foi aí que nos apaixonamos mais uma vez. Cascais é incrível!

O primeiro dia de aula foi um pouco tenso, não vou mentir. Manoela estava nervosa, Juju estava quietinha, introspectiva. Conversamos muito com elas, expliquei várias vezes como funcionaria o período de adaptação e lá foram elas. Não vou dizer que foi fácil, mas Juju, que é mais novinha e mais extrovertida, tirou de letra. Já Manoela enfrentou algumas dificuldades que, aos poucos, com muita paciência e conversas, foram sendo resolvidas. Nada grave, alguns episódios de “bullying” pelo fato de ser mais velha que a maioria dos colegas, mais alta que todos os colegas (e até alguns professores) e pelo sotaque. 

Nós havíamos previsto que essas situações poderiam acontecer e foram muitas conversas anteriores que ajudaram-na  a enfrentar a situação de cabeça erguida. Para Manoela foi o maior desafio, junto com as tarefas domésticas, que ela não curte nada fazer.

 

Férias na Espanha

As férias

 

Na metade de junho começaram as férias de verão e, com elas, nossa saga por apartamento, viagem de férias (60 dias entre Portugal e Espanha) e autorização de residência. Foi um período super conturbado, com experiências incríveis e muita, muita energia. Felizmente resolvemos a questão do apartamento antes de viajarmos em férias. A questão do visto eu contei aqui:

 

SEF – Autorização de Residência e a novela do visto

 

E felizmente resolvemos no meio da viagem de férias. Quando retornamos em setembro, começamos a preparar o início do ano escolar, de fato, com lista de material escolar, uniformes e livros, enquanto aguardávamos ansiosos pela visita dos avós e pelas chaves do apartamento. 

O segundo semestre

 

Foi quando a vida se estabilizou por aqui. Foi quando nos sentimos moradores, de fato. Foi quando a rotina se instaurou, ainda que não exatamente como imaginamos que seria. As meninas fizeram as primeiras provas na escola, os primeiros passeios. Foram necessários alguns ajustes na alimentação da escola e foi quando decidimos passar o natal no Brasil.

Durante essa fase, os maiores desafios das meninas foram o português. Isso por que a língua não é exatamente a mesma. Existem muitas diferenças que podem passar desapercebidas ou sem consequências em uma conversa de bar, mas não é assim em uma sala de aula. Para ajudá-las nós incentivamos a leitura e assistimos filmes e programas na televisão em português de Portugal. Em um próximo post vou contar mais sobre a escola, com mais detalhes. Mas resumindo, o ensino aqui é diferente. Na forma e no conteúdo e as meninas precisaram se ajustar. Eu acredito que elas tiraram de letra! Mas foi preciso sim algum esforço. No geral, percebemos que aqui as coisas são mais sérias, principalmente na questão do comportamento. Algumas “regras” que parecem óbvias aqui, para nós não são, e precisamos aprender. Um exemplo? Manoela desenhou um coração ao lado do nome, na prova de inglês. A professora passou aquele sermão! Não pode! O português é corrigido em todas as matérias, e pontos são descontados na prova de matemática se você escreve algo errado, por exemplo. A história e geografia daqui é diferente da do Brasil. Juliana não sentiu isso, pois começou agora o primeiro ano, já Manoela precisou correr atrás e se atualizar pois não conhecia a matéria.

Quanto a nós, a maior dificuldade foi a falta de rotina. Sempre temos coisas para resolver, burocracias a tratar, pendências da casa, da escola, da família. Meu trabalho que é virtual foi posto em segundo plano e o marido, que é aposentado, não para um minuto sequer, sempre resolvendo alguma questão. Juntos enfrentamos a nova vida tentando equilibrar os pratos da família, da casa nova, das coisas do Brasil, tudo isso aliado à saudade da família, que só aumentava.

É uma situação muito nova, muito diferente. Justamente por isso, muito desafiadora também. Quando o inverno chegou percebi que algumas amigas brasileiras estranharam muito. Até falaram em voltar para o Brasil pois estavam sofrendo com o frio. Essa é uma questão importante e que não deve ser negligenciada. Como somos do sul, temos muita experiência com frio. Levamos em conta vários critérios como insolação e conforto térmico ao escolher um apartamento. Nós temos muita experiência nisso e faz diferença na qualidade de vida de qualquer um. Portugal, especialmente aqui onde estamos, oferece um clima maravilhoso, seco e quente, mas faz sim muito frio no inverno. 

 Nos próximos meses vamos ficar mais quietinhos, curtindo os prazeres do frio e nos preparando para o ano de 2018. Eu creio que o ano de 2017 tenha sido o ano da “chacoalhada” na vida e que 2018 será mais calmo. A gente segue ajustando as velas, para continuar a navegar nos mares do lado de cá. Por quanto tempo eu não sei. Se estamos fazendo o melhor, também não sei. Só sei que nos arrependemos das chances que não aproveitamos. Então melhor tentar e, se não der certo, voltar, do que ficar imaginando como seria. Aqui a gente prefere arriscar e ver no que dá. Sempre juntos, onde quer que seja.

 

O melhor até agora

 

São muitas coisas boas. Qualidade de vida, no que diz respeito à segurança, cultura, passeios, viagens, alimentação, planejamento urbano. Aqui a comida não tem tanto sódio, conservantes, porcarias mesmo. Parece ser tudo mais natural, mais fresco. Aqui também parece ser mais tranquilo em relação às coisas. Não há tanto consumismo nem tanta “exigência” social. Não tem “peruagem”, gente “fazida”. Não tem competição. Ou se tem, não vimos ainda, não sentimos na pele. Aqui há muita educação e civilidade. É bom dia e boa tarde sempre. Atravessar a rua e os carros pararem. Crianças andando sozinhas na rua e zero sexualização precoce. aliás, zero sexualização em geral. Nem na praia a gente vê aquela atitude tão comum no Brasil. Apesar disso, já vimos topless e gente literalmente pelada, trocando de roupa na praia. E ninguém babando ou se horrorizando por conta disso. Tudo muito natural. Há uma seriedade natural no comportamento e uma atitude de confiança e respeito que paira no ar. As crianças são mais respeitosas também. Outra coisa que me encanta aqui é a atitude “do it yourself”. Faça você mesmo. Com os serviços sendo caros, em geral, ninguém tem pudor algum em por a mão na massa e ninguém fica ofendido de fazer isso. Vi gerente de banco levantar e trocar o cartuxo da impressora. Vi um chefe de sessão servir café e outro limpar a água que caiu sobre a mesa. Não cai a mão e não diminui ninguém. Gosto muito disso. 

 

Os desafios

 

Sim, tem muita coisa boa, mas tem também alguns desafios. Há um choque cultural por mais “civilizados” que sejamos. Há dificuldades na comunicação, os sites não são intuitivos (ao menos para nós), o serviço público é complicado demais e o que mais me enlouquece: não tem regra ou padrão. Você vai a uma repartição 10 vezes, fala com atendentes diferentes e tem uma resposta diferente a cada vez. Só respondem o que você pergunta diretamente. Se não perguntou, não vai ter a resposta. Simples assim. Ninguém elabora, imagina que você não saiba e que precise de ajuda. Ao contrário. Todos imaginam que você já sabe ou deveria saber. Pra tudo, até para encontrar um endereço. Coisas do tipo, a festinha de aniversário é na casa verde às 16:00. OK, mas onde é a casa verde? É ali em Sintra! Oi??? Qual endereço, Jesus!!!! Percebe? Falando em endereço, existe a mesma rua em cada bairro de cada cidade. Experimente colocar Rua da Palmeira, no Google maps, sem determinar o bairro. Vão aparecer umas 25… 

Aqui se fuma muito, em todos os lugares. Tem lugares, bairros e ruas que são sujos e pixados, rola sim algum preconceito, especialmente vindo de pessoas mais velhas e já presenciei cenas de pessoas muito estressadas/mal-educadas mesmo. Mas no geral, se você responde com atitude e educação, sendo firme, todos respeitam e “voltam pra casinha”. Aqui não tem “mimimi”. Todos respeitam atitude e coragem.

Há machismo demais para o meu gosto, mas vejo diariamente a luta contra isso. É global, certo? Ainda temos muito caminho a percorrer.

Finalmente, o trânsito pode ser meio caótico por vezes. Pessoas estacionam o carro em qualquer lugar (literalmente), em cima das calçadas, na contra-mão, nas esquinas, em frente a garagem…

 

E assim vamos seguindo… dia após dia, aprendendo sempre e sempre superando os desafios. Quais serão as cenas dos próximos capítulos? O que nos aguarda em 2018? Não sei… só sei que “mar calmo não faz bom marinheiro” e nós queremos muito velejar em qualquer mar. Que venham as tempestades e a bonança também!

 

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