Renata é nossa seguidora lá no Instagram @as_passeadeiras e hoje conta pra nós um pouco da sua história e das suas experiências de mudar para Portugal.  Fez uma travessia marítma com a família e mora no Algarve. Ela prefere ficar anônima, então, respeitamos sua vontade e fica aqui nosso agradecimento super especial por ter aceito nosso convite para participar da nossa série Morar em Portugal.

 

 

Olá! Sigo o instagram da Clau e recentemente ela convidou suas seguidoras, leitoras, admiradoras para compartilharem suas histórias, experiências. Confesso que sempre quis colocar pro mundo tudo o que vivi nesses últimos 15 meses em Portugal, mas depois penso, serei apenas mais uma pessoa, mais uma família dentre inúmeras no mundo que imigram de lá pra cá, daqui pra lá em busca de novos desafios, cheios de esperanças e amor por uma vida melhor. E comigo e com a minha família não foi diferente!

 

Eu nasci em Osasco, morei na Moóca em São Paulo e meu último destino no Brasil foi a cidade de Santos, onde encontrei qualidade de vida, um trabalho que eu amava e comecei uma nova família depois do primeiro casamento falhado. Fui muito feliz em Santos! Assim como todos no Brasil eu vivia perto da insegurança todos os dias. No trajeto da minha casa para meu trabalho havia um ponto específico que já havia acontecido muitos assaltos, mortes. Mas a gente se habitua não é mesmo? Ora, vai com fé e acha que nada vai acontecer conosco. E de fato, nada nunca me aconteceu. Só que o trabalho do meu marido era cheio de riscos e a segurança foi a questão primordial para nos motivarmos a mudar.

 

Os pais do meu marido são portugueses e ele, nascido em África, tem cidadania do Reino Unido (nasceu na época num país que era colonizado pelo Reino Unido), mas também tem a cidadania portuguesa. Apenas por uma questão prática, tiramos a cidadania do nosso filho. E começamos a sonhar com a possibilidade de viver em Portugal.

 

Meu marido viajou nos meses de frio para Portugal 1 ano e meio antes da nossa mudança se concretizar. Ele veio pesquisar cidades, regiões em que nós pudéssemos prosperar com o negócio da família. E o Algarve foi a opção que reunia condições para o trabalho dele e que era mais parecido com o que gostamos: praia e um clima ameno.

 

Depois de 1 ano e meio de planejamento vendemos tudo o que pudemos numa página de Facebook que fiz e o resto doamos. Começou já uma transformação em mim, a fase de desapegar dos bens materiais que levei anos para conquistar. Outro desapego foi me desligar do meu trabalho. Eu realmente amava o que fazia e tinha muito sucesso profissional, foram 20 anos construindo minha carreira executiva no marketing de varejo. Mas me desliguei feliz, porque na minha função deixei uma pessoa que tenho muito carinho e admiração. Era meu braço direito.

 

 

 

 E assim realizamos mais um sonho, fazer a mudança por uma travessia marítima. Resumimos nossa vida em 11 malas, eu, meu marido e meu filho na época com 3 anos. Foram 17 dias de mar e algumas paragens em terra: Rio de Janeiro, Ilhéus, Salvador, Maceió, Recife, Santa Cruz de Tenerife e Alicante. Descemos em Alicante com nossas malas e fizemos uma viagem de 800km até o Algarve. Moramos por 30 dias numa casa em Olhos d’Água e aí começou a saga para encontrar um imóvel para arrendar. Foi um período difícil! Porque simplesmente não achávamos nada. Queríamos Faro, mas Deus sabe o que faz. Há 4 dias de sair da casa em Olhos D’Água encontramos um apartamento em Quarteira. 

 

Nunca na minha vida morei em um lugar tão lindo quanto Quarteira. Se eu achava que Santos já era uma delícia, Quarteira me deu de presente o mar, a tranquilidade, a natureza, um parquinho enorme ao lado de casa para meu filho brincar. E o presente maior veio com a nova escola do meu filho que é pública e fantástica. Ele está super adaptado e feliz. Na escolinha dele que é um jardim de infância tem mais de 20 nacionalidades e eu acho isso fantástico porque ele convive com crianças de muitas culturas.

 

Passada a fase da mudança comecei a surtar em casa pois trabalho fora desde meus 15 anos e hoje tenho 41. Tentei me recolocar na minha área, mas não consegui. Então fui me aventurar a ser vendedora numa loja de cama, mesa e banho. Uma marca catalã (de Barcelona) chamada Textura, concorrente direta da Zara Home. Produtos lindos! Só que fiquei apenas 4 meses. Não aguentei os horários malucos de trabalhar no varejo de shopping center aqui em Portugal. As leis trabalhistas aqui são muito diferentes do Brasil, não consegui ter um horário fixo e isso começou a me angustiar porque não consegui dar conta da casa e nem via mais minha família. Decidi sair.

 

 

 

 Eis que no meio deste caminho surgiu a oportunidade de abrir um café de rua, o @rockioskcafe, que em breve todos vocês poderão ir lá tomar um cafezinho! Pretendemos abrir em outubro. Juntamente com mais 3 sócios. Empreender aqui em Portugal requer muita coragem e preparo financeiro. As coisas não acontecem no timing que a gente quer e está acostumado no Brasil. Tudo tem seu tempo e se você é muito ansioso pode morrer de infarte. Mesmo!

 

E juntamente com tanta novidade, estou grávida de quase 9 semanas agora! Terei a experiência de um parto por aqui. Tem sido um pré natal bem diferente do Brasil. Lá são mil consultas, mil ultrassons, aqui sinto e percebo que tudo é mais contido; mas nem por isso ruim. Fui bem atendida pelo enfermeiro no centro de saúde, já o médico, não olhou na minha cara. Razão pela qual farei o pré natal no particular, pelo plano de saúde de contratamos.

 

Agora, como é difícil ficar longe da nossa família no Brasil! Minha mãe ficou doente 2 vezes desde que vim e essa parte é mesmo muito desafiante. Imigrar exige muito foco, muita paciência, muito amor conosco mesmo. Precisei passar por um processo de coach com uma amiga de Santos (muito boa por sinal, indico!) para poder lidar com tantas emoções diferentes!

 

Nesse momento sonho com o meu reencontro com a minha família. Esse euro a R$ 5 não está fácil! Torcendo para que depois das eleições a economia brasileira melhore. E essa é um pouco da minha história.